Sob um sol forte de quase 35 graus, um maranhense morador de Brasília foi o responsável por mais um passo no caminho do tiro com arco do Brasil. O balsense Luciano Rezende tornou-se o primeiro brasileiro a alcançar uma semifinal paralímpica na modalidade. Ele ficou com o quarto lugar no evento individual masculino do arco recurvo dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, nesta terça-feira, 13/09, no Sambódromo. Francisco Cordeiro e Diogo Souza foram eliminados na primeira rodada.
“Eu estava focado, queria essa medalha. Sei que tinha condições de buscar até o ouro. Mas faltou experiência. Aqui, o público pode perceber que a maioria dos arqueiros têm uma idade mais avançada. A experiência conta muito”, explicou Luciano. De fato, os cabelos grisalhos e os dois títulos mundiais do iraniano Ebrahim Ranjbarkivaj fizeram a diferença na disputa pela medalha de bronze. O combate terminou com o placar de 7 set points a 1 para o atleta asiático, que usa uma cadeira de rodas desde que perdeu as duas pernas durante a Guerra Irã-Iraque.
O ouro ficou com Gholamreza Rahimi, compatriota de Ranjbarkivaj. Na final, ele bateu o tailandês Hanreuchai Netsiri, algoz de Luciano na semifinal.
Trajetória no Rio
O caminho até a semifinal não foi fácil. No tiro com arco, o primeiro dia de competições é reservado às classificatórias, que definem a chave dos combates eliminatórios. Com a 27ª melhor marca entre os 32 participantes, a primeira rodada já foi uma pedreira: o italiano Roberto Airoldi, sexto colocado na classificatória. O brasileiro começou arrasador, com uma sequência quase perfeita: 9, 10 e 10 – no esporte, o alvo de 1,22m de diâmetro fica a 70m do atirador e conta com dez círculos que marcam as pontuações de 1 a 10. Em seguida, Luciano engatou mais pontos que o italiano e fechou por 6 sets a 0.
O encontro seguinte ficou marcado como o encontro do campeão Pan-Americano com o campeão dos Jogos Para-Asiáticos. Luciano seguiu adiante com 6 sets a 4, em um combate equilibrado diante do chinês Lixue Zhao. Nas quartas de final, o brasileiro eliminou o alemão Maik Szarszewski, também por 6 a 4.
“Agora, só quero descansar. O Comitê Paralímpico Brasileiro fez um ótimo trabalho e o resultado está aparecendo aqui no Rio, não apenas na evolução do tiro com arco. Logo logo vamos planejar o próximo ciclo. Espero poder contar novamente com o apoio que o Ministério do Esporte deu nesse ciclo, pois a bolsa que recebo possibilita que eu compre os equipamentos e pague viagens para competições internacionais”, finalizou.
Luciano, que é formado em Direito e trabalha como funcionário público no Superior Tribunal de Justiça em Brasília, nasceu com mielomeningocele, um defeito congênito que afeta a espinha dorsal. O maranhense de Balsas, no sul do estado, pratica o tiro com arco desde 2009. Em 2015, conquistou a medalha de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto.
Fonte: Ascom Paralimpíadas 2016