São José de Ribamar/MA é uma das três cidades brasileiras onde os jovens estão mais vulneráveis à violência; estudos divulgados ontem mostram que a maior discrepância na taxa de mortalidade por homicídio está no Nordeste.
É 2,7 vezes maior a chance de um jovem negro, seja do sexo masculino ou feminino, morrer assassinado do que um jovem branco, em 24 Estados do Brasil. São José de Ribamar, na Região Metropolitana de São Luís está entre os municípios onde os jovens estão em maior vulnerabilidade, perdendo apenas para Cabo de Santo Agostinho (PE) e Altamira, no Pará.
O estudo foi realizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Quanto às outras três unidades, o Paraná tem uma taxa de mortalidade de jovens brancos superior àquela registrada entre os jovens negros; em Tocantins o risco é bastante próximo, e em Roraima não foi possível realizar o cálculo de risco uma vez que o estado não registrou morte de nenhum jovem branco no período.
Para a Representante da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, os dados mais uma vez comprovam o preocupante genocídio dos jovens negros. “É extremamente preocupante que as jovens negras tenham 2,19 vezes mais chance de morrer que as jovens brancas no Brasil”, disse ela, explicando que a Unesco acredita que trazendo os números à tona poderemos contribuir para políticas públicas de qualidade focadas em questões de gênero e raça.
Com o conhecimento dos dados do IVJ 2017, o secretário Nacional de Juventude diz que “a violência no Brasil tem cor, raça, geografia e faixa etária. É necessária uma força-tarefa de toda a sociedade e dos governos federal, municipais e estaduais para tirar os jovens da vulnerabilidade, com ações afirmativas para a juventude, em especial para os jovens negros. O jovem precisa deixar de ser vítima da violência e passar a ser protagonista de sua própria história”.
A maior discrepância na taxa de mortalidade por homicídio foi verificada no Nordeste: enquanto a taxa de jovens brancos vítimas de homicídio foi de 27,1 por 100 mil a de jovens negros foi de 115,7 por 100 mil, ou seja, quatro vezes superior.
Vulnerabilidade
O homicídio é a principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil, diz o relatório. Mesmo assim, os números mostram que menos de 20% dos 19 milhões de jovens (jovens dos 304 municípios com mais de 100 mil habitantes) estão vivendo em municípios de alta e muito alta vulnerabilidade juvenil à violência.
O IVJ foi calculado para 304 municípios com mais de 100 mil habitantes e classificou 21 municípios na categoria de muito alta vulnerabilidade, sendo Cabo de Santo Agostinho (PE) a cidade onde a juventude se encontrava mais vulnerável à violência, seguido por Altamira (PA) e São José de Ribamar (MA).
O ponto em comum entre essas três cidades é que todas possuem uma alta taxa de mortalidade por homicídio. O município em melhor situação era São Caetano do Sul (SP), município com baixa taxa de mortalidade por assassinato e por acidentes de trânsito e bons indicadores de frequência à escola e situação de emprego.
O município que apresentou a maior piora no IVJ foi Itapecerica da Serra, também em São Paulo. O índice teve um aumento de 43,2% no município, sendo que o indicador que mais variou no município foi o de mortalidade por acidentes de trânsito. Dos 10 municípios nessa lista de pioras mais acentuadas, o indicador de mortalidade por acidentes de trânsito foi o que mais variou para pior. A única exceção foi Queimados, no Rio de Janeiro, onde o indicador de mortalidade por homicídios foi o que mais contribuiu para a piora.
O Estado