O papa Francisco abriu uma discussão na Igreja Católica sobre a possibilidade de suspender parcialmente a regra do celibato

O papa Francisco abriu uma discussão na Igreja Católica sobre a possibilidade de suspender parcialmente a regra do celibato para permitir que padres casados façam trabalhos de evangelização na Amazônia.

De acordo com o jornal italiano Il Messaggero, a sugestão teria sido feita ao papa pelo cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes, apontado como amigo do pontífice. Mesmo tendo foco na questão da falta de padres na região amazônica, e não no celibato em si, o tema é polêmico, e deverá ser discutido no sínodo dos bispos previsto para 2019.

Para o secretário da Comissão Episcopal para a Amazônia da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Erwin Krautler, o sínodo discutirá a evangelização dos povos indígenas. “O celibato em si não é o tema. A questão é a evangelização dos índios na Amazônia, que estão ameaçados em sua sobrevivência. Fala-se também da escassez do clero nessas comunidades”, esclareceu.

Segundo a agência de notícias austríaca KNA, Dom Krautler também teria levado o assunto ao Papa, que o teria orientado a formular aos clérigos brasileiros perguntas válidas sobre o tema.

Questionado sobre a veracidade das informações, Krautler respondeu. “Nunca pedi ao Papa uma permissão especial para ordenar homens casados. Referi-me na audiência particular que o papa Francisco me concedeu em 4 de abril de 2014 às comunidades sem eucaristia”, esclareceu.

Indígenas

De acordo com a imprensa italiana, os bispos da região amazônica foram convocados para encontrar novos caminhos para a evangelização, sobretudo da população indígena, frequentemente esquecida relação à doutrina católica. A proposta de Dom Cláudio Hummes prevê que os chamados viri probati — homens fiéis, casados e de fé comprovada — possam ser nomeados para cargos de administração espiritual nas comunidades existentes em áreas isoladas da Amazônia.

O celibato não é considerado um dogma da Igreja, ou uma verdade revelada pela fé. Tanto assim que, durante séculos, padres puderam casar e formar família. A proibição do casamento para os sacerdotes católicos foi introduzida na legislação canônica como uma disciplina necessária para o melhor exercício do ministério.

Norma e Não Dogma

O celibato sempre foi um tema polêmico dentro da Igreja Católica. Os cristãos fervorosos acreditam que a abstinência sexual simboliza o triunfo do espírito sobre a carne, e que somente isso faz de um homem um sacerdote verdadeiro perante a Igreja. Mas, durante os dez primeiro séculos da Igreja Católica, o matrimônio não era proibido aos padres e bispos.
A discussão existiu desde os primórdios da Igreja, mas o celibato só foi imposto aos religiosos em 1073 pelo para Gregório 7º. O entendimento do pontífice, na época, foi o de que o casamento dos sacerdotes era herético, porque os distraía do serviço de Deus e contrariava o exemplo de Jesus Cristo.
Boa parte dos católicos acredita que ao fim do celibato poderia contribuir para reduzir os casos de pedofilia protagonizados por padres católicos, que vem sendo expostos de modo cada vez mais frequente nos últimos anos.

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