Teve início neste domingo, 17/06, na Fazenda Esperança, em Balsas/MA, a 33ª Semana Nacional do Migrante, coordenada pela Família Scalabriniana e a Pastoral do Migrante, e vai até 24 de junho, Dia Nacional do Migrante, cuja campanha mundial, neste ano, é dedicada à sensibilização e à informação sobre imigração e refúgio, com o tema:” A VIDA É FEITA DE ENCONTROS: Braços abertos sem medo para acolher”.

A coletiva aconteceu na própria Diocese de Balsas, com a presença da professora do curso de Letras e pesquisadora Marta Helena Facco Piovesan (UEMA), Bispo Dom Enemésio Ângelo Lazzaris pres. da CEPEETH e Ir. Gema Vicensi, da Pastoral do Migrante e Familia Sacalabriniana.
Dom Enemésio disse que o Papa Francisco, “ao lançar a campanha ‘Compartilhe a Viagem’, nos convoca para caminhar com os migrantes, propondo como a igreja deve responder aos desafios atuais e urgentes quanto a acolhida de refugiados e migrantes. Um convite para ir ao encontro dos migrantes, colaborando na construção de uma cultura de paz, a partir das histórias de vida e da diversidade cultural dos migrantes”. Completou:“E os balsenses devem estar preparados para acolher e integrar os migrantes que chegarem por aqui”.
Entre 28 de fevereiro e 04 de março de 2018 o bispo da diocese de Balsas/MA e presidente da CEPEETH – Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano, da CNBB, dom Enemésio Lazzaris, contou que esteve com o bispo de Roraima, dom Mário Antônio Silva e o bispo de Santa Elena de Uiarén-Venezuela, dom Felipe González, na missão realizada em Pacaraima (RR) e Boa Vista (RR) chamada de “Missão Fronteira Venezuela”. O objetivo foi conhecer a situação real que envolve a imigração na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, e constatou ocorrências de tráfico humano. Dom Enemésio contou, também, que viu barbáries, em relação aos migrantes venezuelanos.
A Pastoral do Migrante da Diocese de Balsas tem como objetivo: promover a acolhida, proteção, promoção e integração dos migrantes provenientes de regiões do Brasil e outros países, para o desenvolvimento Humano Integral do migrante em uma sociedade fraterna e solidária. Ir. Gema explica que “em Balsas, se olharmos bem, recebemos muitos migrantes de diversas regiões, só que eles não vêm por necessidades, mas com um objetivo, com destino certo. Ou para fazendas ou como técnicos, para serviços burocráticos.”. Ir. Gema observou, ainda, que Balsas “é uma cidade cheia de migrantes”. “O migrante precisa desenraizar-se daquilo que ele vivia, para outra realidade, é uma transposição de valores e deve ser acolhido, pois senão ele perde logo a fé. E sem fé, tudo vai de água abaixo”.
A professora Marta Piovesan conta que durante sua tese de doutoramento sobre a migração em Balsas, a partir da indagação: quem é o balsense? ou “a construção da identidade dos balsenses”, constatou que “é formada por pessoas de fora e que Balsas é uma cidade essencialmente migratória”. Para ela, “diferentemente da formação dos povos do litoral, da baixada, que é formada pelos holandeses e portugueses, uma frente bem diferente do que é a nossa, que veio da Bahia, Pernambuco, Paraíba. Que foi povoada por vaqueiros”. Piovesan lembrou que em sua tese diz que “as pessoas vão e vêm, mas sempre fica um pouco de cada um. Se eu perguntar quem nasceu aqui, alguns dirão que nasceram, mas seus pais serão poucos e os avós ou bisavós, quase nenhum. Nos anos 70, os gaúchos e catarinenses somaram a esta formação e mudaram o perfil da região. Hoje, o balsense tem seu dialeto próprio, que não é nem sulista nem maranhense, como seus costumes e até comportamento, que diferencia de muito de outras cidades do estado”.
Frente a esta mobilidade, a professora assinalou que sua pesquisa pode ajudar os balsenses diante dos migrantes, através da Pastoral do Migrante, mostrando esta faceta reveladora do aconchego dos balsenses e o “porquê” deste acolhimento, já que somos um povo que tem os braços abertos e o sorriso pronto para os encontros.
Dentro da programação da 33ª Semana do Migrante, em Balsas:
Dia 19/06 – 19h30 – Roda de conversa – bairro Nova Açucena – Comunidade N. S. de Guadalupe
Dia 20/06 – 19h00 – Roda de conversa – Assentamento Sucupira
21/06 – 18h00 – Sessão da Câmara Municipal
22/06 – 19h30 – Roda de conversa – Comunidade Stª Madalena Postel – Nova Trizidela
23/06 – 19h30 – Roda de conversa – Comunidade São Sebastião – Cajueiro
24/06 – 09h00 – Encerramento – Assentamento São José, com celebração da Palavra e almoço comunitário.