Uma nova alternativa de cultivo que dispensa o uso de queimadas foi demonstrada para técnicos, representantes de associações e movimentos sociais durante a realização da Feira de Agricultura Familiar e Agrotecnologia do Maranhão (Agritec), entre os dias 4 e 6 deste mês, no município de Zé Doca.
Com foco para a agricultura familiar, o ‘Triturador de capoeira’ é um equipamento preso a um trator de rodas, que tritura a vegetação conhecida como capoeira e que após este processo, fertiliza o solo com os resíduos orgânicos conseguidos, promovendo o aumento da produtividade na propriedade e impedindo a emissão de carbono, substituindo também o uso do fogo, tradicionalmente utilizado pelas famílias rurais no preparo do solo e abertura de novas áreas agrícolas.
O projeto para soluções de plantio direto com manejo de capoeira foi iniciado há 10 anos pela Embrapa Amazônia Oriental, com apoio da Embrapa Cocais, e agora ganha um grande incentivo com a proposta de parceria com o Governo do Estado, por meio do Sistema SAF, composto pela Secretaria Estadual de Agricultura Familiar (SAF), Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Agerp) e Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma).
“Com o triturador os agricultores poderão evitar os impactos negativos da queimada no meio ambiente, ampliar a flexibilidade do período de plantio, além de melhorar as condições físicas, químicas e biológicas do solo. A grande novidade é a que o Governo Flávio Dino vai incorporar esse equipamento nas patrulhas mecanizadas, e os agricultores familiares vão passar a demandar o uso do equipamento, com apoio do Sistema SAF e instruções fornecidas pela Embrapa”, informou o pesquisador Carlos Freitas, que coordenou a demonstração prática do equipamento durante a Agritec Zé Doca.
Carlos Freitas destacou, também, que os agricultores familiares de Zé Doca já conhecem esta inovação tecnológica, em virtude da realização do Dia de Campo, palestras e experimentos realizados no assentamento PA Belém, Vila Boa Esperança, local escolhido para a realização da Agritec.
O presidente da Agerp, Júlio César Mendonça, participou da demonstração e destacou a importância das ações integradas entre a Agerp e a SAF, colaborando com a prestação de assistência técnica para os agricultores e a possibilidade de viabilização dos equipamentos para cooperativas e associações por meio da Chamada Pública do Fundo Social do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Uma forma dos municípios conseguirem este incremento tecnológico é a Chamada Pública do BNDES, com R$ 6 milhões em recursos disponíveis para apoiar a elaboração de projetos voltados para o fortalecimento de empreendimentos de comunidades de baixa renda no estado, que devem ser inscritos até 5 de setembro. Estamos diante de uma possibilidade real de desenvolvimento da agricultura familiar, vamos mobilizar todos os gestores da Agerp, beneficiando os agricultores e o meio ambiente”, disse o presidente.
O representante da Cooperativa Mista das Áreas de Reforma Agrária do Vale do Itapecuru (Coopevi), Francisco Cruz, esteve presente, cedendo o equipamento que foi entregue em maio, no assentamento Cristina Alves, em Itapecuru-Mirim, para a atividade prática durante a Agritec.
“A patrulha agrícola que recebemos é multifuncional, faz o preparo inicial do solo, aradagem e gradagem. Agora temos a possibilidade de plantarmos mais e mantermos a fertilidade do solo, respeitando as características de cada localidade, como o solo de Itapecuru, que é arenoso e dependente de matéria orgânica para reestruturação. Uma saída viável para substituir o fogo”, pontuou o representante da Coopevi.
O secretário de Estado da Agricultura Familiar, Adelmo Soares, reafirmou o relevante papel da Agritec para o desenvolvimento do Maranhão. “O objetivo da Agritec é levar e transferir tecnologia para o agricultor familiar, pois, somente dessa forma será possível aumentar a produtividade, a renda dessas famílias e consequentemente a qualidade de vida. Este é um evento que fortalece as parcerias em prol do conhecimento para o homem do campo”, declarou Adelmo Soares.