2017. Página Nova. 2016 foi aquela temporada turbulenta, inferior às outras, com os showrunners perdendo o controle da narrativa. Caso você não morra até a season finale deste ano, sua vida foi renovada para mais uma temporada e esperamos que tudo dê certo e que os índices de audiência sejam altos. Algum charlatão por aí fez uns cálculos, olhou alguns planetas e disse que 2017 será um ano de novos ciclos, de começos. Se isso significar alguma coisa, poderemos ter algumas boas estreias vindo por aí. No nosso tradicional Preview, trazemos uma porção de novidades e retornos em um ano que, tomara, será muito melhor.
Dando o pontapé inicial temos o Freeform, canal que tem sofrido para caminhar com as próprias pernas e firmar um novo programa na TV. Depois de mudar de nome (passou de ABC Family para Freeform), está difícil achar uma mina de ouro, que conquiste público e crítica. Suas primeiras apostas são Beyond e Famous in Love. A primeira trata sobre um jovem que acorda de um coma depois de doze anos e descobre ter poderes sobrenaturais. A segunda, protagonizada por Bella Throne, acompanha uma jovem atriz que fica absurdamente famosa e precisa lidar com essa nova realidade enquanto o desaparecimento de outra atriz assombra a indústria. Ambas estreiam na mid season, enquanto uma terceira aposta, Marvel’s Cloak and Dagger, não possui data de estreia. Sabe-se que a série será baseada em uma HQ homônima e acompanhará um casal de jovens que, depois de experimentarem uma droga, adquirem poderes para controlar a luz e a escuridão. Nenhuma das três parece promissora e o Freeform parece ter se tornada uma versão sem sal da CW. Quem diria…
Já a CBS vem com apostas maiores e mais seguras. Pra começar, o canal traz na manga a adaptação de Dia de Trainamento, filme que rendeu o Oscar a Denzel Washington. Training Day é mais um que surge da moda em levar filmes para a TV. Depois de uma enxurrada em 2016, parece que teremos novos remakes e continuações. Que é o caso aqui, pois a série irá considerar os acontecimentos do longa-metragem, mas contará uma história parecidíssima: policial bonzinho idealista é designado para trabalhar ao lado de um policial pouco ortodoxo. O que pode salvar? A qualidade da ação e o elenco. Já Doubt parece a redenção de Katherine Heigl. Ou não. Trata-se de mais uma série sobre advogados e mais uma série com a ideia besta de colocar a protagonista feminina insanamente apaixonada por um cara inútil e bonitão. Alguém ainda assiste esse tipo de coisa?
Quem vem com tudo, chutando portas, é a NBC. Embora algumas de suas estreias sejam de gosto inquestionavelmente duvidoso, é preciso reconhecer que os executivos do canal sabem o que aprovar para ganhar dinheiro. Taken, por exemplo, remake do filme com Lian Nesson, parece uma bomba narrativa, mas tem tudo para conquistar a audiência. Os longas, que já eram fracos, fizeram bonito entre o público, e a série deve seguir o caminho. Chicago Justice é aposta segura; dentro do cânone Chicago de Dick Wolf, é difícil que o programa não dê certo. Se flopar, o canal tem outras três Chicago para trabalhar. Outra que tem grandes chances de sucesso é Powerless. Aproveitando a onde de super-heróis, a série acompanha um grupo de funcionários de uma agência de seguros que tenta levar a vida em um mundo que conta com a presença de gente – literalmente – superpoderosa.
Além disso, a NBC parece disposta a provar que não trabalha com material original. Quase todas – eu disse todas – as estreias são baseadas em filmes ou derivados de outras séries. As pouquíssimas que não pertencem a estes grupos são baseadas em HQs ou livros. Emerald City, parecia amaldiçoada, mas depois de ser adiada, retrabalhada e divulgada na web, o público teve curiosidade. Ela também é baseada em um filme, O Mágico de Oz, no caso. Blacklist: Redemption é um spinoff de The Blacklist e é a única que pode flopar mais cedo. Para encerrar, sem data de estreia, temos Midnight Texas, que é uma True Blood sem sexo, sangue e palavrão. Acredite, pois é baseada em livros da mesma autora e também trazem vampiros, bruxas, lobisomens e anjos. Para completar, o protagonista é um médium, quase na mesma vibe de Sookie, protagonista da série da HBO.
Na Fox, a coisa anda estranha: embora suas apostas sejam relativamente seguras, é preocupante ver o canal depender tanto de reboots. Os dois carros-chefe da emissora são reboots de séries consagradas do canal. 24: Legacy prova que ninguém quer largar o osso. O formato tem tão certo que os executivos querem continuar mesmo sem a maior marca do programa, Jack Bauer. Outra aposta é Prison Break, que continua a história ao mesmo tempo que a atualiza. Como nada é definitivo na TV, o sujeito que supostamente estava morto pode estar vivo e seus amigos elaboram um plano para salvá-lo. No FX, braço do estúdio na TV fechada, temos Legion, a mais promissora e interessante. Primeiro porque é original, embora se baseie em HQs, segundo porque tem Noah Hawley (Fargo) no comando. A série promete expandir o universo dos X-Men, fazendo parte do cânone construído no cinema e abordando temas e personagens que não foram para a tela grande. Não espere, contudo, a participação de grandes mutantes como Wolverine ou Magneto.
Nos canais fechados os destaques ficam mais uma vez com a HBO e o Showtime. No primeiro teremos Big Little Lies e Room 104. Lies acompanha três mulheres aparentemente de vidas perfeitas, mas que veem tudo ruir quando uma reviravolta acontece. Em Room vemos diversas histórias diferentes que ocorrem no mesmo quarto de hotel. No Showtime, todos os olhares se direcionam ao retorno de Twin Peaks, clássico cult de David Lynch. O revival traz um dos elencos mais bacanas já vistos na TV e promete não dever nada aos episódios originais. Ainda temos a Netflix, mas aqui o buraco é mais embaixo: poucas coisas são divulgadas sobre as séries originais da plataforma. Lembra de Stranger Things? Ninguém sabia sobre o que era até a estreia. As únicas bem definidas até agora são Desventuras em Série, Os Defensores e Punho de Ferro.
De resto, espere muitos revivais anunciados, remakes, adaptações e séries de advogados. 2017 será um ano decisivo para a televisão; é agora que os revivals e adaptações de filmes ou vão se solidificar ou saturar. A TV é um monstro que cresceu muito rápido nos últimos anos e se os estúdios e executivos não tomarem cuidado, o controle pode ser perdido. O fato é que teremos muita coisa boa e uma porção de porcarias. Assim será a TV e é assim que será o ano. Uma nova temporada com alguns baixos e, torcemos, vários altos.
Fonte: Mixdeseries