Hoje é Dia Nacional da Redução da Mortalidade materna

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    Uma em cada quatro mulheres morre por conta da complicação ao parir.

    Hoje, dia 28 de maio, é lembrado o Dia Nacional da Redução da Mortalidade Materna. No Brasil, a hemorragia pós-parto é a segunda maior causa dos óbitos relacionados à maternidade. A complicação é a perda excessiva de sangue após o parto, seja ele natural ou cesárea.

    Apesar de evitável, hemorragia pós-parto ainda é a doença materna que mais mata no mundo

    Definida como a perda exagerada de sangue após o parto, a hemorragia pós-parto (HPP) é responsável por quase um quarto das mortes maternas no mundo e é a principal causa em países de baixa e média renda, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, dados preliminares do DATASUS apontam que, em 2017, 1.654 mulheres morreram por causa de doenças relacionadas à maternidade, sendo a HPP a segunda maior responsável pelos óbitos.

    Apesar de ser mais comum nas primeiras 24 horas, quando é chamada de primária ou precoce, a HPP também pode ocorrer após o primeiro dia até seis semanas após o puerpério, definida como secundária ou tardia. As causas do problema são variadas, estando relacionadas principalmente a falha da contração uterina secundária a condições que levam à fadiga do útero, como trabalho de parto prolongado, ou à distensão exagerada do útero por gravidez de gêmeos, por exemplo. A obesidade, a idade materna (menos de 20 ou mais de 40 anos) e distúrbios da coagulação também são fatores de risco para hemorragia pós-parto.

    O diagnóstico por profissional treinado é relativamente simples e feito por meio da identificação de um sangramento excessivo de acordo com o exame físico da paciente. “Um dos problemas é a demora na identificação da complicação, já que a perda sanguínea tende a ser subestimada após o parto e, além disso, a demora na instituição de medidas adequadas e oportunas de prevenção e tratamento”, destaca Samira Haddad, médica obstetra, com doutorado em Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

    A observação global da mulher permite identificar a complicação precocemente ao identificar outros sinais e sintomas, como aumento da frequência cardíaca, tontura, palidez, confusão, hipotensão, entre outros. “Desta forma, é possível que a equipe de saúde responsável realize uma série de medidas que podem evitar o sangramento na hora do parto”, acrescenta Samira.

    Tratamento

    Atualmente, a opção de terapia mais conhecida para a hemorragia pós-parto é a aplicação intravenosa de ocitocina sintética, uma versão do hormônio naturalmente produzido por parturientes. Entretanto, o medicamento é sensível e precisa de refrigeração entre 2ºC e 8ºC, limitando assim o transporte e o armazenamento, motivo possivelmente envolvido na ocorrência de mais mortes em áreas mais afastadas dos centros urbanos.

    Uma opção inovadora com potencial de salvar a vida de milhares de mulheres é a carbetocina termoestável, que  demonstrou em estudo não ser inferior ao padrão atual de tratamento, sendo, ainda mais resistente a mudanças climáticas e permanecendo eficaz mesmo em altas temperaturas – sua durabilidade é assegurada por pelo menos três anos se armazenada a até 30 °C, e por seis meses a até 40 °C.

    “É importante que novas opções de tratamento sejam estudadas e disponibilizadas de maneira acessível, principalmente, nos países com maiores índices de mortalidade materna por hemorragia pós-parto, para que os números diminuam e mais vidas sejam salvas”, destaca a especialista.

    Estudo

    Publicado no New England Journal of Medicine, o estudo clínico CHAMPION foi realizado com quase 30 mil mulheres em dez países. Conduzido pela OMS com colaboração do Laboratórios Ferring e MSD for Mothers, este é o maior estudo realizado na prevenção da HPP, e concluiu que o novo medicamento não é inferior à ocitocina na prevenção da HPP e tem potencial para ser o medicamento de escolha em países de baixa e média renda, onde é mais difícil manter a refrigeração adequada.

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