Desafio dos 10 anos levanta debate sobre reconhecimento facial

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    Em Balsas/MA, o próprio Tupete, como é conhecido o agente publicitário e promotor de eventos, Carlos Oliveira, aceitou a brincadeira, comparado com o garoto propaganda Sebastian (de colar).

    Se você é usuário da rede social Facebook, dificilmente ainda não viu na sua linha do tempo alguma publicação de um amigo com duas fotos, uma de 2009 e outra de 2019. O jogo, apelidado de “desafio dos 10 anos” (ou #10yearchallenge, na hashtag do termo em inglês), viralizou desde ontem (16) e tornou-se a principal “brincadeira” do momento na plataforma.

    desafio ganhou toda forma de adaptação, desde pessoas postando fotos comparando suas imagens nos últimos dez anos até um gancho para comparação de artistas, políticos, locais e situações. O meme tornou-se um recurso para debates desde a evolução pessoal dos usuários até discordâncias políticas no site.

    Contudo, a popularidade do desafio provocou também debate por parte de especialistas em segurança da informação e proteção de dados pessoais. A consultora e autora de livros em tecnologias digitais norte-americana Kate O’Neill publicou questionamentos nas redes sociais e na mais importante revista de tecnologia do mundo, Wired, apontando até que medida as imagens publicadas não poderiam estar sendo usadas para “treinar” o sistema do Facebook que realiza o reconhecimento facial dos usuários.

    Marcação automática

    Facebook

    Quando uma imagem é publicada, a rede social realiza essa identificação. Essa funcionalidade aparece, por exemplo, quando ela “sugere” a marcação do usuário ou de amigos em fotos. Anteriormente, apenas o usuário realizava tal marcação.

    Contudo, a plataforma passou a realizar esses “escaneamento” em toda as imagens e “avisar” a pessoa quando uma foto foi publicada. O argumento foi que o usuário tivesse maior controle sobre conteúdos relacionados a si circulando no site. Contudo, a implantação deste recurso gerou críticas. O Facebook reagiu e configurou a funcionalidade como uma opção que pode ser desativada pelo usuário.

    O reconhecimento, mesmo com esse dispositivo de regulagem, é feito por meio de uma tecnologia que “aprende” como melhorar esse procedimento a medida que ela recebe mais dados ou mais fotos. Daí surgiu o questionamento de Oneil e de outros especialistas acerca de como tais imagens de 10 anos atrás poderiam estar “alimentando” o banco de dados do Facebook e “treinando” seus sistemas.

    “Isso pode acontecer. É uma métrica bem objetiva para os sistemas aprenderem. A grande dificuldade é fazer padrões universais e isso é um padrão objetivo, uma vez que possui anos definidos. Isso poderia ser utilizado para treinar esses sistemas”, avalia o pesquisador em privacidade e professor na consultoria DataPrivacy Brasil Renato Leite.

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