Quando a fauna e a flora interagem entre sí e com o ambiente, eis um bioma. Um conjunto de diferentes ecossistemas, comunidades biológicas, homogeneidade e particularidades bem desenhadas. Bioma é relacionamento de seres. É ele o responsável pela manutenção das condições básicas de desenvolvimento das plantas e dos bichos. São os biomas que influenciam o ar, a água. Olhar para eles com cuidado é manter a vida.  Conscientizar-se da importância disso virou, inclusive, tema da Campanha da Fraternidade (CF) 2017: Biomas brasileiros e diversidade da vida”, com o lema “cultivar e guardar a criação”. A partir de hoje, a Secretaria de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) publica uma série de matérias sobre os principais biomas brasileiros, e mostra como a inclusão produtiva dos agricultores, dos povos e das comunidades tradicionais ajudam a preservar esse universo.

Salvar é a palavra de ordem quando tratar de biomas. A ciência tem a explicação. Vivemos em uma era denominada: antropogênica. Trocando em miúdos, vivemos sob a constante influência e ação do homem. Neste caso, o passivo é o meio ambiente. A água, o clima, as matas, os rios, nascentes e florestas de um lado. Do outro, o homem e o assoreamento, o desmatamento, a poluição. “Estamos em um momento onde causamos, a longo prazo, o comprometimento da nossa própria existência. É isso que as pessoas precisam entender”, alerta o professor do departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Francisco Rossetti.

A consciência ambiental que garantirá a preservação dos biomas é um aspecto muito debatido pelos defensores da natureza. Com a ação do homem, muitas características entranhadas começam a sofrer impactos que podem ser irreversíveis na continuidade da espécie humana. Cada bioma tem fauna e flora específicas que são definidas pelas condições físicas, climáticas, geográficas e litológicas (das rochas). Ou seja, cada bioma tem uma diversidade biológica própria. E, no Brasil, temos seis biomas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal (Veja arte). Cada um deles com sua importância.

E como sobreviver à era antropogênica? “Até pouco tempo não se falava sobre bioma. Sabia-se que era planta e bicho. Existem vários desafios e eles passam pela questão cultural. Entender que se reduzirmos a escala do termo bioma, chegaremos em nosso corpo, que se comunica igualmente; e que o resultado pode ser saúde ou doença. Precisamos de consciência de proteção e, claro, gestão para alinhar tudo isso”, explica Rossetti. O professor lembra ainda de uma máxima alemã. Caso fique doente em Berlim e o médico diagnostique depressão, pressão alta, obesidade, insônia, patologias de comportamento em geral, provavelmente, ele recomendará 20 minutos de caminhada dentro da floresta, todos os dias. A lógica é simples. A relação do bioma com a saúde humana é vital. “É uma terapia onde você enquanto ser, conectado com a energia da natureza, se recarrega. Desestressa. Temos uma espiritualidade que vai além do corpo. São essências que interagem com outras essências. Floresta é produtora de oxigênio puro. Não é a máquina de hospital que vai te dar isso”, frisa o especialista.

Regeneração

A produção sustentável, a agroecologia, é a bandeira da agricultura familiar em favor dos biomas. É incentivar o uso do solo como meio de produção, mas com zelo. Com preocupação e um olhar regenerativo. A Sead foca nesse trabalho por meio da Coordenação de Agroecologia e Produção Sustentável, vinculada à Subsecretaria de Agricultura Familiar (Saf). A coordenação apoia diretamente ações e projetos sustentáveis da agricultura familiar: certificação de produção orgânica, trabalho com ervas medicinais e parcerias como a da agência alemã Deustche Geselischaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) – leia mais sobre o assunto aqui (http://www.mda.gov.br/sitemda/noticias/45-milh%C3%B5es-de-euros-para-agricultura-familiar-na-amaz%C3%B4nia-at%C3%A9-2019).

Um outro projeto apoiado e executado pela Sead é a Arca do Gosto, do movimento Slow Food Brasil. Uma iniciativa para preservar produtos ameaçados de extinção, mas que ainda têm potenciais produtivos e comerciais. Já existem cerca de 150 alimentos catalogados. Segundo a consultora da Sead para o Slow Food, Nadiella Monteiro, a ideia do projeto é conseguir identificar, na nossa agricultura familiar, quem produz de forma boa, limpa e justa. Além disso, qualificar, reconhecer, identificar, ajudar de forma que esse agricultor seja valorizado. “Precisamos pensar em como será nosso futuro? Todo alimento relacionado a um bioma tem uma história, uma cultura, uma referência afetiva. E quando falamos em preservar o bioma, falamos em manter a nossa alimentação. Aqui, falamos em agricultura regenerativa, aquela que não só tira, mas também repõe os recursos naturais”, afirma Nadiella.

 

Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário – MDA

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