Levantamento feito pelo FNCP demonstra os prejuízos bilionários causados ao País apenas em 2019.
Perdas do Maranhão apenas com cigarros ilegais chegam a R$ 164 milhões
O Brasil perdeu R$ 291,4 bilhões de reais para o mercado ilegal em 2019, segundo levantamento que é feito, desde 2014, pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP). O valor é a soma das perdas registradas por 15 setores industriais (R$ 199,6 bilhões) e a estimativa dos impostos que deixaram de ser arrecadados em função dessa ilegalidade (R$ 91,8 bilhões). Essa média foi feita com o porcentual de 46%, mas há produtos, como o cigarro, em que o imposto pode chegar a 90%. O cigarro é o produto mais afetado pelo contrabando – sabe-se que esse produto serve para financiar as milícias e o tráfico de drogas. Atualmente, 57% dos cigarros consumidos no Brasil são ilegais.
O contrabando respondeu pela maior parte dos cigarros consumidos no Maranhão em 2019: 73% de todos os produtos que circularam no estado foram contrabandeados do Paraguai, segundo estimativas da indústria. No ano passado, eram 64%.
O prejuízo para o governo foi de R$ 164 milhões em impostos em 2019, que poderiam ser revertidos em benefícios para a população, por exemplo, para a construção de aproximadamente 1670 casas populares ou 283 unidades básicas de saúde. Por outro lado, o crime organizado – que comanda o contrabando – movimentou cerca de R$ 160 milhões no ano passado. Entre os municípios mais afetados pelo contrabando de cigarros estão: Turilândia, Serrano do Maranhão, Guimarães, Santo Amaro do Maranhão, Paulino Neves, por exemplo.
Outro exemplo da expressão da ilegalidade é visto no setor de combustíveis, que atingiu o montante de R$ 23 bilhões. Segundo Vismona, esse valor significativo se deu porque o segmento aprimorou os dados. “Eles agregaram, além de perdas com fraudes, também roubos e desvio de combustível nos dutos”, diz o presidente do FNCP.
Para a entidade, esse levantamento anual é muito importante para os setores produtivos, que assim demonstram as perdas bilionárias para o mercado ilegal. “Essa ação atesta que a economia ilegal está crescendo, o prejuízo só aumenta e é importante alertar a sociedade e o poder público sobre a dimensão desse rombo, enfatizando a necessidade das ações coordenadas e permanentes de combate à ilegalidade, seja no mercado físico como digital, que corrói o nosso desenvolvimento e dificulta a atração de investimentos e a geração de empregos”, diz Vismona.
O levantamento do FNCP é feito desde 2014 e tem como base os dados apontados pelos próprios setores produtivos, que têm métricas próprias (pesquisas, avaliação de mercado). Os 15 segmentos contemplados pelo estudo do FNCP são vestuário; óculos; cigarro; TV por assinatura; higiene pessoal, perfumaria e cosméticos; bebidas alcoólicas; combustíveis; audiovisual; defensivos agrícolas; celulares; perfumes importados; material esportivo; brinquedos; software; e eletroeletrônicos (PCs, Servidores, Networking, Impressoras/Toners/Cartuchos de Tinta e Equipamentos de Segurança).