Arroche no pecado da gula!

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    Um dos sete pecados capitais, a Gula nos leva a exagerar nos pratos e nas porções. É realmente difícil manter o controle. Portanto, aproveite para comer muito hoje no Dia da Gula.

    De acordo com a algumas doutrinas religiosas, estando relacionada com a condição de egoísmo do ser humano, quando este deseja ou obtém algo para além do necessário, apenas pelo prazer de possuir tal coisa.

    O Dia da Gula, no entanto, não tem nenhuma conotação religiosa, mas serve para alertar sobre um grave distúrbio alimentar que acomete as pessoas que consomem grandes quantidades de comida como uma compensação por se sentirem sozinhas, incompletas ou fracassadas em alguma outra área de suas vidas.

    Neste caso, a gula pode desencadear vários problemas de saúde, como a obesidadee o aumento do colesterol que, por sua vez, podem provocar problemas cardíacos e respiratórios, por exemplo.

    As pessoas que sofrem de gula devem seguir algumas regras para tentar evitar o instinto guloso, como:

    • Evitar jejuns prolongados;
    • Não fazer refeições com muita fome;
    • Refeições saudáveis a cada três horas;
    • Evitar rodízios e self-services;
    • Ficar atento ao consumo de guloseimas;
    • Praticar exercícios físicos regularmente;
    • Ingerir fibras e proteínas;
    • Manter-se sempre hidratado.

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    Gula, causa de transtorno da mente e do corpo físico

    A pressa de comer, sem boa mastigação, causa aumento do fígado

    Para nós, racionalistas cristãos, o pecado não existe. Assim, vamos tratar aqui da gula não como um pecado, mas como um transtorno ao mesmo tempo mental e fisiológico, provocado por forças destrutíveis, difíceis de serem revertidas, uma vez instaladas no indivíduo. Pode parecer estranho, mas a gula é um dos transtornos mais antigos, vez que a oralidade é inata no ser humano, sendo ela uma fonte natural de prazer. É com a boca que fazemos os primeiros contatos com a nossa mãe, até mesmo por necessidade de sobrevivência. Não é fácil separar os aspectos meramente fisiológicos da gula de seus aspectos de natureza psíquica. Por isso, nós vamos visualizar ambos os aspectos.

    Simbolicamente, a gula significa voracidade destrutiva em sua essência, sendo nesse sentido entendida como excesso no comer e no beber desordenadamente. Ao devorar um alimento em vez de saboreá-lo, a pessoa perde a capacidade de apreciá-lo e acaba por se fartar demasiadamente, num processo compulsivo-destrutivo. A compulsão tem origem no inconsciente, deixando a pessoa à mercê de um ciclo vicioso difícil de se eliminar, por ficar fora de seu controle consciente. Passamos então a viver para comer em vez de comer para viver.

    A gula é um dos sentimentos mais negativos de nosso “eu” material. Consiste em ir com muita “sede” ao pote, isto é, a criatura apresenta desregramento total em relação à ingestão de alimentos. É bom notar que muitos morrem pela boca, de tanto comer, mas existem, também, muitos que morrem de fome, devido à tremenda desigualdade que existe no mundo. Isso para não falar, também, na má seleção que fazem dos alimentos, não se alimentando corretamente. Corrige-se a gula com muita força de vontade e moderação.

    Abusando da comida, das guloseimas e dos refrigerantes, a pessoa estará caminhando diretamente para a obesidade e suas conseqüências. Sem sombra de dúvidas, a obesidade é um transtorno com grandes repercussões na nossa saúde, sendo responsável por doenças agressivas, como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes e infertilidade, entre outras. O teor de colesterol muito alto é indicativo de elevado consumo de gorduras saturadas e o excesso de açúcar no sangue é indicativo da ocorrência do diabetes.

    Não mastigando os alimentos adequadamente e os engolindo rapidamente, o guloso deixa de utilizar a saliva corretamente. Como sabemos, esta tem a função de pré-digerir os carboidratos, ou seja, os amiláceos e açúcares. Não utilizando a saliva como devia, o estômago e o fígado ficam sobrecarregados em suas funções e aumentam de volume. É comum pessoas sentirem-se mal após as refeições por falta de salivação adequada, tornando lento o trabalho do estômago, tudo isso por falta de mastigação correta, ocasionando dispepsias, arrotos, refluxos alimentares etc. A dentição mal cuidada completa este quadro altamente nocivo à saúde.

    ALIMENTAÇÃO CORRETA. Um fator preponderante na correção ou mesmo na cura da obesidade está na correta seleção dos alimentos, isto é, depende de uma boa nutrição, sob o conselho de um bom nutricionista. O alvo deve centrar-se no balanceamento adequado de nutrientes – proteínas, gorduras e carboidratos, além de verduras, legumes e frutas. Estes últimos são ricos em sais minerais e vitaminas.

    O guloso peca pelo excesso e não sabe quando parar de comer, estendendo muito além do necessário o limite de sua fome, de sua saciedade. Não tem disciplina para comer e come a toda hora, no intervalo das refeições principais. E, pior que isso, come o que não pode e não deve. Antes de dormir torna a comer e, não raro, no meio da noite, sua compulsão o leva a assaltar a geladeira em busca de algo para comer. E se acordar no meio da noite, não torna a pegar no sono sem antes comer mais alguma coisa. Vive para comer e não come para viver! Isto lhe causa grande mal, pois sabemos que basta nos alimentar apenas três vezes por dia, sendo esta a forma correta de nos alimentar.

    Atualmente, cresce exponencialmente o número de pessoas obesas, principalmente nos países mais ricos do mundo, destacando-se, nesse particular, os Estados Unidos, já seguidos de perto pelo Brasil. O obeso não dá importância à sua saúde. Não há dúvida que a gula é um transtorno que prejudica profundamente a saúde do corpo físico. Daí, a necessidade de tratamento médico especializado.

    Outras conseqüências mais sérias podem resultar com o aparecimento de desequilíbrios hormonais, como por exemplo, a bulimia. No obeso, a auto-estima decai porque ele deixa de se ocupar da sua aparência, daí advindo males de natureza psicossomática, como a depressão, a tristeza etc. Os consultórios médicos estão apinhados de obesos à procura de tratamento, levando muitos casos à mesa de operações para cirurgias de redução do estômago.

    Os pais precisam ensinar aos filhos o que é o processo da alimentação e como ele opera. Dessa forma, eles poderiam aproveitar melhor as substâncias nutritivas dos alimentos ingeridos. Observar, ainda, que certas combinações de alimentos são nocivas à saúde. Crianças não têm que ter vontade; o que elas precisam é saber alimentar-se, não exagerando na quantidade, nem pecando por falta dela. Moderação ou comedimento é a palavra de ordem.

    Há os que se alimentam em demasia ou comem alimentos inadequados do ponto de vista dos seus nutrientes, embora julguem ser assim necessário, temendo a opinião alheia. Pensam que podem ser prejudicados se não agirem assim, assumindo atitudes equivocadas, por modismo, por recomendação religiosa ou por falsa convicção. Daí encontrarmos os vegetarianos ou então os que só comem carne branca e peixes.

    O prejuízo protéico pode tornar-se muito nocivo à saúde das pessoas, embora modernamente a soja e seus derivados possam substituir muitas proteínas animais. Vale notar que a criatura que sabe se alimentar não come carne em excesso, mas também não a evita, experimentando de tudo com comedimento.

    Finalmente, a compulsão do guloso penetra pelos  olhos, ajudada pelo aroma e pelo gosto dos alimentos, sustentando assim o seu apetite incomensurável, difícil de ser contido, reconhecemos, mas tudo depende de uma disciplina alimentar que tem que ser imposta pela vontade da própria criatura. Afinal, para combater qualquer vício, a vontade tem que ser posta em ação com forte determinação, para não vir a ter um corpo físico deformado ou doentio. Muito cuidado, portanto, com os instintos e a voracidade.

    Por: Caruso Samel (O autor é militante da Filial Butantã – São Paulo)

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