Medida Provisória que possibilita mais recursos para o setor está em votação no Congresso Nacional e é oportunidade que não pode ser desperdiçada.

Se o Brasil contasse com serviços de coleta e tratamento de esgoto, e sua destinação adequada, em todas as residências, conseguiria economizar R$ 1,45 bilhão a cada ano apenas com gastos de internações hospitalares.

O dado faz parte de uma pesquisa realizada pela CNI e confirmada pela ABCON (Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto). A economia é ainda maior, pois o levantamento não considera os ganhos associados à redução da mortalidade infantil.

Os estudos apontam ainda que, a cada R$ 1 investido em saneamento, há um retorno de R$ 2,50 ao setor produtivo. Além da diminuição dos gastos com médicos, internações e medicamentos, podem ser listados como ganhos diretos da universalização do saneamento a redução da incidência de doenças como diarreia e vômitos, que, em 2013, segundo o Ministério da Saúde, provocaram 14 milhões de casos de afastamento do trabalho.

Associado à água de melhor qualidade, o tratamento de esgoto impacta também na redução da transmissão de doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti, como dengue, zika vírus, chikungunya e febre amarela.

Para a Organização Mundial da Saúde, o impacto do investimento em saneamento é ainda maior: a cada R$ 1 investido, a economia será de R$ 4 em saúde, segundo estimativas da OMS.

Investimentos caem e mortalidade infantil cresce – Porém, o investimento no setor vem caindo, conforme mostram os números do Ministério das Cidades. De janeiro a maio, o Brasil investiu apenas R$ 189,2 milhões em serviços de água e esgoto, o menor volume de recursos no período desde 2013, quando foram investidos R$ 411,3 milhões. Em 2017, esse investimento atingiu R$ 246 milhões, ou seja, houve uma queda de 23% do ano passado para este ano.

Assim, ocorrências que já estavam em declínio, como a mortalidade infantil, voltaram a preocupar. Desde 1990, o Brasil não tinha registro de aumento na taxa de mortalidade infantil até a divulgação do índice de 2016, que ficou 5% maior, comparada ao ano anterior (a média de óbitos infantis atingiu 14 a cada mil nascimentos, contra 13,3 em 2015).

A situação tende a se agravar, uma vez que, sem priorizar a universalização dos serviços de água e esgoto, mais de 100 milhões de brasileiros permanecerão sem acesso à coleta e tratamento de esgotos, sem mencionar as 12 milhões de pessoas que ainda não têm água na torneira.

Solução depende de mais investimentos – a melhor alternativa para acelerar investimentos no saneamento, já reconhecida inclusive pelo Governo Federal, é contar com a parceria da iniciativa privada. Ciente dessa necessidade, o Governo Federal editou e encaminhou ao Congresso a Medida Provisória 844, que permite uma maior isonomia competitiva no mercado de saneamento. A iniciativa teve como base recomendações de uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).

Toda vez que um contrato de concessão terminar, a prefeitura poderá, segundo a MP, fazer um chamamento público para conseguir propostas melhores para a prestação do serviço, com garantia de investimento.

Hoje, em 90% dos casos, esses contratos são renovados automaticamente, sem regras claras e públicas de investimentos comprometidos para melhorar o saneamento na cidade.

A MP 844 é fruto de um longo diálogo entre governo e sociedade e cria meios para a resolução de impasses que impedem milhões de brasileiros de ter acesso ao saneamento. Da mesma maneira, leva em conta as raízes do problema com o propósito de superar anos de políticas públicas que resultaram nos preocupantes índices atuais.

“A MP do saneamento é uma oportunidade de avançarmos no saneamento e na saúde que não pode ser desperdiçada”, resume Percy Soares Neto, diretor de relações institucionais da ABCON.

 

Por Thainá Rambaldo

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1 Comentário

  1. Cadê os milhões prometido, ano passado, pelo Senador Roberto Rocha, para implantar o sistema de saneamento no município de Balsas??? Hum, cadê??

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