Pesquisa do Observatório FEBRABAN revela que 41% dos entrevistados
não consegue associar algum tema ligado ao conceito
O Nordeste é a região onde as pessoas estão menos familiarizadas com a sustentabilidade. Ao serem perguntados o que vem à cabeça quando ouvem o termo, 41% dos entrevistados nordestinos não souberam fazer qualquer associação sobre o assunto. A média nacional de desconhecimento é de 29%.
Os dados são da 8ª edição do OBSERVATÓRIO FEBRABAN – Pesquisa FEBRABAN-IPESPE, que buscou investigar o conhecimento e envolvimento dos brasileiros a respeito do tema da sustentabilidade, e de como as boas práticas se inserem no cotidiano da população.
O levantamento, realizado entre os dias 2 e 7 de setembro, com 3 mil pessoas nas cinco regiões do país, será apresentado nesta quinta-feira, dia 30 de setembro. Entre os 59% dos entrevistados no Nordeste que mencionaram temas ligados à sustentabilidade, os mais citados foram a preservação do meio ambiente e a consciência ambiental (30%). Os demais temas – reaproveitamento e reciclagem; economia dos recursos naturais e utilização racional; ecologia e natureza – ficaram empatados com 7%.
O alto índice de não-resposta nas associações espontânea à sustentabilidade no Nordeste pode ser explicado pelo menor nível de informação sobre questões ambientais: 55% sentem-se informados ou bem informados, contra 63% no total nacional.
O meio preferido pelo qual os entrevistados se informam sobre o assunto é a TV aberta: 48% preferem esse veículo, entre respostas espontâneas e estimuladas.
Ainda que tenha alcançado índices acima dos 70%, o Nordeste é a região que menos mostrou interesse pelas questões ambientais (71%) e sociais ligadas à sustentabilidade (76%). No que se refere ao meio ambiente, as questões mais lembradas foram o desmatamento (54%), a escassez de água (43%) e o aquecimento global (42%). No recorte social, foram lembrados como destaque a defesa de emprego e renda (62%), bem-estar e saúde (42%) e combate à violência doméstica (36%).No que se tange à governança corporativa aplicada a essa questão, item em que os índices de preocupação foram menores em todo o país, o Nordeste registrou 45% de interesse. Nesse quesito, a região registrou os menores índices de interesse com relação ao combate à corrupção em empresas e governos (65%), transparência e prestação de contas em ambos (36%), condições de saúde e insalubridade (30%, empatado com o Centro-Oeste) e proteção de dados pessoais e privacidade (22%).
Na maior parte do país a responsabilidade pela sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa (que compõem a sigla ESG – Environmental, Social and Governance, na sigla em inglês) é atribuída predominantemente a todos, depois aos governos e empresas públicas, cidadãos e famílias e, por fim, às empresas privadas; mas, no Nordeste, essa avaliação difere um pouco: a responsabilidade recai primeiro sobre governos e empresas públicas (53% no total de menções), em segundo lugar sobre todos (38%), e em terceiro lugar sobre famílias e cidadãos (35%).
Para 72% dos entrevistados no Nordeste (menor índice entre as regiões), a adoção das boas práticas de sustentabilidade pelas empresas e pelos governos deve ser prioridade mesmo com o risco de diminuir os lucros e o crescimento econômico.
Para 42% dos nordestinos, as empresas têm melhorado suas práticas nos aspectos ambiental, social e de governança. Os setores que mais se destacam, segundo a pesquisa na região, são os do agronegócio e produtores rurais (23%), tecnologia (21%) varejo e terceiro setor (20%).
Por outro lado, 36% dos entrevistados afirmaram que já deixaram de consumir produtos ou serviços de empresas que não respeitaram boas práticas de governança corporativa ou se envolveram em alguma denúncia. Para 71%, a legislação poderia ser mais dura com quem não respeita as práticas de sustentabilidade.
“Este levantamento reforça pesquisas anteriores, que mostravam que 74% dos entrevistados tinham muito ou algum interesse pelo tema da preservação do meio ambiente e 78% disseram-se pouco ou nada satisfeitos com os esforços empreendidos no país nesse campo”, diz Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE, responsável pela pesquisa.