Ação de mapeamento de divisas do extremo Sul do Maranhão. (Crédito foto: Divulgação)

Faz 153 anos que a primeira e única expedição oficial foi realizada para delimitar as divisas dos estados do Norte do Brasil, incluindo o Maranhão. A história muda em 2021, com a “Expedição Gustavo Dodt”, comandada pelo Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (IMESC), autarquia vinculada à Secretaria de Estado de Programas Estratégicos (SEPE), que contou com a presença de professores universitários da área de Geociências. A equipe visitou, de 26 e 31 de agosto, seis municípios do extremo Sul do Maranhão para aferir a situação dos limites com os estados do Piauí e Tocantins, chamada de tríplice divisa.

A primeira expedição dessa natureza foi determinada via decreto imperial, em 1868, e ficou a cargo do cartógrafo Luís Gustavo Guilherme Dodt, incumbido de fazer as divisas dos estados do Norte do Brasil. Foi a primeira grande cartografia do Centro-Norte do País, envolvendo na parte que diz respeito ao Maranhão também os então estados de Goiás, Piauí e Bahia.

“O IMESC, juntamente com pesquisadores do Zoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Maranhão (ZEE-MA), percorreu os municípios de Alto Parnaíba, Tasso Fragoso, Balsas, Carolina, Riachão e Estreito, com equipamentos de última geração, para fazer o reconhecimento dessa área e a revisão de todo esse roteiro do ponto de vista ambiental, geológico, geomorfológico, cartográfico e de observação dos principais impactos ambientais, trabalho que não foi feito à época da missão, pela ausência de equipamentos apropriados”, explica o presidente do IMESC, Dionatan Carvalho.

A área percorrida é estratégica porque é divisora das bacias do rio Parnaíba com o Tocantins e destes com o São Francisco, bem como por tudo que representa do ponto de vista ambiental para a proteção de uma das últimas áreas de cerrados nativos e desconhecidos de todo o Brasil. A expedição foi composta por oito pesquisadores: cinco do IMESC/ZEE; dois da Universidade Federal do Maranhão, e o geógrafo Jurandyr Ross, da Universidade de São Paulo, reconhecido nacional e internacionalmente pelos trabalhos de classificação do relevo do Brasil e da América do Sul.

Ross aceitou o convite do IMESC para participar da expedição porque essa é uma das áreas mais desconhecidas sob o ponto de vista da classificação do relevo brasileiro. Uma inovação é que a redefinição do relevo será sob o ponto de vista da sua evolução geológica, ao longo dos milhares e milhões de anos. Isso auxiliará nas discussões sobre os processos ambientais integrados físicos e biológicos, suportes para a existência das atividades humanas.

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