O Ministério da Saúde (MS) esclarece que durante o período de monitoramento feito pelo órgão, de 1º de julho do ano passado até ontem, 30, um caso de febre amarela que foi notificado no Maranhão está descartado após a realização de exames.
Por sua vez, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) esclarece que não houve notificação de casos de febre amarela no Maranhão. A Superintendência de Epidemiologia e Controle de Doenças da SES entrará em contato com o Ministério da Saúde a fim de apurar sobre a notificação divulgada através de release, ontem.
A Secretaria informa também que, como medida preventiva, prossegue com a intensificação da vacinação nas áreas rurais dos municípios prioritários. Na fase inicial, desde o dia 28 de janeiro, as equipes de vacinação estão nas Regionais de Saúde de Balsas, Imperatriz, Barra do Corda, Rosário e São João dos Patos. A meta é imunizar a população não vacinada dos municípios prioritários de onze regionais de saúde até a segunda quinzena de março.
Outras ações incluem palestras nas comunidades rurais sobre as ações de prevenção da febre amarela silvestre, o fortalecimento do monitoramento de epizootias em macacos e a intensificação das ações de Combate ao Aedes, nas áreas mais urbanizadas, com aplicação de UBV (carro fumacê) e mobilização social. A ação contra o Aedes é permanente no calendário da saúde no Maranhão. O mosquito é o principal transmissor da febre amarela, dengue, chikungunya e zika. Por fim, a SES reafirma que no Maranhão não há casos da doença há mais de duas décadas.
Área endêmica
Mesmo diante do descarte do caso, o Maranhão é apontado por especialistas como uma área endêmica para a doença. Por isso, o Governo Federal recomendou que a população dos 217 municípios procure os postos de saúde para se imunizar. De acordo com o órgão, por enquanto trata-se de uma ação meramente preventiva para evitar uma possível disseminação da doença.
Segundo o Departamento de Patologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o último caso de febre amarela em ser humano foi registrado no estado em 1992. Apesar disso, especialistas afirmam que a população deve estar em alerta. “Não estamos totalmente sem o risco, já que a doença está ocorrendo em áreas de parques, zonas rurais e há cidades em nosso estado cercadas por localidades assim”, disse a professora da UFMA, Maria dos Remédios Carvalho.
Vacina
Ontem foi o último dia para quem está planejando uma viagem para o feriadão do Carnaval e precisa se imunizar contra a febre amarela. A vacina leva 10 dias para fazer efeito.
A imunização é necessária apenas para as áreas consideradas de risco pelo Ministério da Saúde. São locais onde pessoas ficaram doentes ou foram encontrados macacos infectados com a febre amarela silvestre. Não há casos de febre amarela urbana no país desde 1942.
Em todo o país, ainda de acordo com dados do MS, foram registradas 81 mortes causadas pela doença. No dia 15 deste mês, eram apenas 20 mortes no território nacional.
O Governo Federal recebeu 1.080 notificações de casos suspeitos – 432 foram descartados e 435 permanecem sob investigação. Em comparação com o mesmo período de 2016/2017, há uma queda de 54% nos casos confirmados. As mortes devido à doença diminuíram 44%.
Sintomas da infecção
As primeiras manifestações da febre amarela são inespecíficas (já que podem ser confundidas com outras doenças). As pessoas atingidos podem apresentar, no entanto, febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias, mas a maioria das pessoas melhora após esse período, de acordo com informações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Já a forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso.
A doença é transmitida quando um mosquito pica um humano ou macaco infectado e, depois, com o vírus em seu organismo, volta a picar uma pessoa ou animal.
A Fundação Oswaldo Cruz informou que, no próximo ano, deverá ser iniciada uma nova etapa de testes clínicos com modelos de vacina contra a doença. A atual vacina, oriunda de 1937, usa apenas o vírus atenuado e pode causar efeitos colaterais, dependendo do perfil do(a) paciente.