Lançado nesta quinta, 11/08, estudo da Carta de Conjuntura n° 32 aponta a importância de aumentar as exportações de bens, especialmente os manufaturados

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou dia 11/08, pesquisa realizada por seu Grupo de Estudos de Conjuntura (Gecon) sobre a vulnerabilidade externa do país. A Nota Técnica Reavaliando a Vulnerabilidade Externa da Economia Brasileira: indicadores e simulações já está disponível no Blog da Carta de Conjuntura: http://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/.

 O documento aponta que, apesar da recente retomada conjuntural das exportações, o Brasil ainda poderá enfrentar dificuldade para compatibilizar períodos mais longos de crescimento econômico com o equilíbrio das contas externas, especialmente em função do baixo dinamismo estrutural das exportações de bens manufaturados. As dificuldades são influenciadas por fatores como o grau de abertura da economia, o desempenho da produtividade e o nível de poupança doméstica, que é muito baixo. O texto mostra ainda que o país vive uma situação de baixa vulnerabilidade externa no curto prazo, mas está longe de alcançar o objetivo mais importante: reduzir a vulnerabilidade externa de maneira mais perene e estrutural.

O autor enfatiza, portanto, a necessidade de desenvolver esforços em duas direções, com o intuito de viabilizar um crescimento mais acelerado das exportações: elevação de investimentos para aumentar a capacidade produtiva de bens comercializáveis, o que implica também esforços de aumento da poupança doméstica para financiar esse investimento; e medidas de cunho macro e microeconômico visando ganhos de produtividade e competitividade que permitam ao país ganhar espaço nos mercados internacionais de bens industriais. Somente assim seria possível suavizar os ciclos de expansão e retração do saldo em transações correntes e tornar sua trajetória (e, consequentemente, também a do passivo externo líquido) mais equilibrada e compatível com a sustentação de uma taxa de crescimento razoável do PIB no médio e no longo prazo.

Indicadores e simulações
A Nota Técnica da Carta de Conjuntura resume os resultados encontrados em dois trabalhos publicados pelo Ipea (também nesta quinta-feira, dia 11/08), que se dedicam a analisar a questão da vulnerabilidade externa com base em duas vertentes: indicadores de vulnerabilidade externa para o Brasil; e os resultados de exercícios de simulação da trajetória do saldo em transações correntes e do passivo externo líquido para os próximos 15 anos, enfatizando a relação entre duas das variáveis cruciais para determinar essas trajetórias: o crescimento real do PIB e das exportações de bens.

São feitas simulações alternativas com o intuito de identificar diferentes combinações possíveis de crescimento do PIB e das exportações que produzem uma trajetória de estabilização da relação passivo externo líquido/PIB e, portanto, a solvência externa do país dentro de 15 anos, que são chamadas de “combinações de equilíbrio”. Identifica-se uma relação aproximadamente linear entre PIB e exportações “de equilíbrio”, tal que uma variação de 0,5 ponto percentual no crescimento do PIB implica uma variação de aproximadamente 1,4 ponto percentual no crescimento das exportações.

A experiência brasileira das últimas décadas sugere ser possível alcançar um crescimento das exportações (em quantum) da ordem de 6% a.a., ou até um pouco mais, o que seria compatível com um PIB crescendo um pouco acima de 2,5% a.a. (mas não próximo de 3%). Entretanto, caso a desaceleração do ritmo de crescimento do comércio mundial em relação à tendência predominante nas últimas décadas se consolide no futuro, será mais difícil para o Brasil replicar o crescimento das exportações verificado nas últimas décadas. O esforço seria ainda maior diante de um eventual aumento das elasticidades das importações de bens e serviços em relação ao PIB. Em contrapartida, mudanças expressivas na taxa de crescimento das exportações de serviços ou mudanças nas taxas de remuneração dos ativos e passivos externos teriam pequeno efeito sobre as combinações de equilíbrio entre PIB e exportações de bens.

Fonte: IPEA

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