Levantamento aponta que em 2022 aumentaram as mortes por doenças respiratórias e do coração. Número é 2 vezes maior que o crescimento anual médio de falecimentos no Estado antes da Covid-19

Passados os primeiros 10 meses deste ano, marcado pelo maior controle da pandemia de Covid-19 e aumento da vacinação, o número de óbitos no Maranhão ainda não retornou ao patamar anterior à crise sanitária no país. Levantamento inédito junto aos Cartórios de Registro Civil do Estado aponta que o número de mortes em 2022 é 6,5% maior que o computado em 2019, e duas vezes maior que o crescimento anual médio de óbitos registrados no Maranhão antes da doença causada pelo novo coronavírus.

Os dados constam no Portal de Transparência do Registro Civil, administrado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos 7.658 Cartórios de Registro Civil — presentes em todos os 5.570 municípios brasileiros —, e cruzados com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que utilizam como base os dados dos próprios cartórios brasileiros.

Em números absolutos, foram registrados entre janeiro e outubro de 2022, 24.068 óbitos, número 6,5% maior que os 22.580 ocorridos nos 10 primeiros meses de 2019, antes da chegada da Covid-19. Na comparação com os números dos anos onde a pandemia esteve no auge no país, verifica-se uma redução de 17,4% em relação ao ano passado, que totalizou 29.167 mortes, e de 7,1% em comparação a 2020, que computou um total de 25.933 óbitos.

O ainda alto número de óbitos em 2022 chama mais atenção quando comparado em relação à média da evolução de mortes ano a ano no estado do Maranhão, que variou, em média, 2,7% entre 2010 e 2019. Durante este período, a maior variação no número de óbitos no Estado tinha ocorrido em 2015, quando registrou crescimento de 6,5%. Com exceção aos anos de 2020 e 2021, auge da pandemia no Brasil, quando os óbitos cresceram 14,8% e 12,4% de um ano para o outro, o alto número de mortes neste ano sugere que ainda podem haver fatores impactantes relacionados à doença.

Sequelas da Covid

Com o aumento da vacinação e o maior controle da pandemia, a Covid-19 deixou de liderar o ranking de mortes por doenças no estado, apresentando queda de 89,7% entre janeiro e outubro de 2022 em relação ao ano passado. Em 2021, no período analisado, foram registradas 4.560 mortes causadas pelo novo coronavírus frente a 469 neste ano. No entanto, outras doenças, algumas delas relacionadas a sequelas da doença passaram a registrar crescimento diferenciado no estado.

“Os números dos Cartórios de Registro Civil, mais uma vez, são fonte confiável do que acontece hoje em relação a Covid-19 no Brasil e no Maranhão. Eles mostraram que apesar da redução nos óbitos por Covid-19, há aumento de óbitos de outras doenças, como as do coração e septicemia, que podem vir a ser consequências de sequelas da Covid. A partir desses dados, o poder público é capaz de tomar decisões de políticas de saúde pública”, explica Gabriella Dias Caminha de Andrade, presidente da Arpen-MA.

Um número que chama atenção no levantamento diz respeito às mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Entre 2019 e 2022, houve um salto de 3050% nos registros de óbitos por esta doença respiratória. Em números absolutos, foram contabilizadas 189 mortes por SRAG nos 10 primeiros meses deste ano frente a 6 registros para o mesmo período de 2019.

Outro exemplo é o aumento no número de óbitos por pneumonia na comparação entre este ano e 2021, registrando um crescimento de 19,8%, passando de 1.579 no ano passado para 1.892 neste ano. Com relação aos anos de 2019 e 2020, foi uma registrada uma queda nos óbitos por esta doença, de 1,7% e 1,9% respectivamente.

Outra doença que apresentou crescimento em 2022 foram as mortes por septicemia, que registrou aumento de 34,9% de janeiro a outubro de 2022 em relação ao mesmo período de 2019. Neste ano foram computadas 1.960 mortes causadas pela infecção generalizada grave do organismo, enquanto em 2019 foram 1.453 óbitos no mesmo período. Já nos anos auge da pandemia, 2020 e 2021, foram catalogados 1. 479 e 1.937 óbitos por este tipo de doença, o que representa um aumento de 32,5% e 1,2% respectivamente.

Outro dado observado pelos números de óbitos registrados pelos Cartórios maranhenses está relacionado ao crescimento de mortes por doenças do coração. Entre janeiro e outubro deste ano cresceram as mortes por Causas Cardiovasculares Inespecíficas (76,8%) e Infarto (7,9%) na comparação com o mesmo período de 2019, com os óbitos passando de 1017 para 1.798 com relação a primeira doença e de 1.897 para 2.046 com relação a segunda.

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