Mais de 70% da produção de proteínas ficará por conta dos países em desenvolvimento. Biossegurança e recursos hídricos serão diferenciais

O crescimento da população, estimada em 10 bilhões de pessoas em 2050, atrelado à melhoria de renda serão responsáveis por alavancar a produção de alimentos e o consumo de produtos de origem animal. Com a demanda aquecida, até 2025, o Brasil ocupará o terceiro lugar em produção de carnes ficando atrás somente da China e dos Estados Unidos. O destaque nacional se deve principalmente aos recursos hídricos e a biossegurança, que serão requisitos ainda mais fortes no futuro. A previsão é de que 73% do aumento da produção mundial de carnes fique a cargo dos países em desenvolvimento e até 2022, a proteína mais consumida no mundo será a de frango, ultrapassando a carne suína, que hoje ocupa a posição. Só a produção brasileira de frango será de 14,7 milhões de toneladas até 2020. As projeções foram apresentadas durante o VIII Encontro Técnico Unifrango, que reuniu mais de mil pessoas entre os dias 18, 19 e 20 de outubro em Maringá (PR) para discutir o cenário e o futuro da avicultura.

“O destaque para a produção de carne de frango se deve a diversos fatores. Desde a década de 1990, essa é a proteína que lançou mais novidades em produtos do que todas as outras carnes juntas. É acessível, disponível e fácil de achar. A produção é, entre todas, a que menos utiliza água e a que demora menos tempo no campo para alcançar o tempo de abate” afirmou o consultor da OD Consulting, Osler Desouzart. Segundo o especialista, o aumento de renda da população será a principal causa da maior ingestão de carne. “Os aumentos de rendimentos normalmente são utilizados para melhoria da dieta”, acrescentou.

Os desafios para o setor também estiveram entre os assuntos discutidos no encontro, principalmente em relação aos custos de produção, de mão de obra e preços dos grãos.  “Os EUA são nossos maiores concorrentes. Enquanto o custo de mão de obra lá é barato, o nosso sobe mais de 10% ao ano. O preço dos grãos seguirá subindo, e por isso, devemos repensar maneiras de reduzir custos principalmente na dieta animal, responsável por 75% do custo total de produção”, afirma o médico veterinário e mestre em Nutrição Animal da Cobb, Vitor Hugo Brandalize.

Cadeia produtiva

Além do mercado internacional, a relação entre a cadeia produtiva de grãos e o setor avícola foi apresentada pelo especialista em agribusiness, José Luiz Tejon, como um dos pontos principais para o futuro e desenvolvimento avícola no Brasil. “A cadeia de produção de frango tem sido inteligente e competente na logística, no marketing, em diversos pontos, mas ainda comete um pecado, o de não orquestrar com a cadeia do milho e soja. Temos um buraco considerável nessa relação, e isso deve ser mudado com uma maior integração, com o contato entre lideranças dos setores e participação de ambos em eventos e encontros”, afirmou. O mestre em arte e cultura e membro do hall da fama da Associação Brasileira de Marketing e Negócios (ABMN) defendeu ainda a importância da publicidade educacional quando o assunto é produção avícola. “É necessária a comunicação com o cidadão por linhas educadoras para aumentar a consciência quanto à qualidade e procedência dos produtos avícolas para o consumidor”, afirmou.

O evento

Em sua oitava edição, o VIII Encontro Técnico Unifrango reuniu técnicos, produtores, médicos veterinários, pesquisadores e empresas durante os três dias de programação para discutir assuntos relacionados ao cenário e futuro da avicultura. A próxima edição já está sendo programada para 2017, inaugurando a versão anual do evento, que irá enquadrar outros eventos, crescendo moderadamente. “Nossa intenção é confrontar tudo o que existe de novo e moderno, mostrando as oportunidades e desafios do setor. A avicultura é muito dinâmica, por isso entendemos a necessidade de um encontro anual, para atualizar o setor sobre as novidades e desafios”, afirmou o presidente do Comitê Técnico da Integra e gerente de Fomento e Produção da Somave Agroindustrial, Jeferson Vidor.

Fonte: Ascom

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