Nos últimos 20 anos a pesquisa tem avançado na geração de conhecimento sobre os sistemas agroflorestais. Essa maior disponibilidade de informações oferece aos produtores rurais um leque mais amplo de opções para adoção no campo. A sistematização desse aprendizado foi o tema desta terça-feira no X Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais realizado em Cuiabá (MT).
Uma conferência e três mesas redondas abordaram diferentes aspectos do aprendizado obtido por meio de experiências em todo o país. Os ganhos na pesquisa também foram destacados em uma das rodadas de palestras e debate.
O pesquisador da Embrapa Acre Tadário Oliveira ressaltou o fato de o amadurecimento da pesquisa ter possibilitado o reconhecimento dos diferentes tipos de SAFs e dos benefícios de cada um deles. Ele citou várias alternativas como os consórcios agroflorestais, as agroflorestas sucessionais, manejo de capoeira, cabruca, cultivo em faixas, sistemas agrossilvipastoris e quintais florestais.
Para ele, experiências obtidas por centros de pesquisa, universidades e instituições que fomentam os sistemas agroflorestais estão chegando a indicadores técnicos e econômicos que comprovam não só a viabilidade dos SAFs, mas também sua lucratividade e a geração de benefícios ambientais.
“O nosso desafio é comprovar ganhos técnicos, econômicos e ambientais na comparação com sistemas convencionais. E temos visto muitos resultados demonstrando isso”, comemorou o pesquisador.
Para o professor da Esalq/USP Ciro Righi as informações disponíveis garantem aos produtores diversas possibilidades de estabelecer esses sistemas, com a oportunidade de fazer algo diferente, gerando produtos e renda, maior produtividade, oferecendo produtos fora da época e obtendo melhores preços, melhoria das áreas, entre outros benefícios.
ILPF
As aprendizagens obtidas com os sistemas agrossilvipastoris, ou de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), como também são conhecidos, em Mato Grosso, foram apresentadas pelo pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Flávio Wruck.
Além de demonstrar e exemplificar as configurações possíveis com a utilização de árvores (silviagrícola, silvipastoril e agrossilvipastoil), Wruck apresentou informações sobre o uso de diferentes espécies arbóreas no sistema.
Para ele existem dois tipos de serviços oferecidos pelo componente florestal em um sistema ILPF. O primeiro é o benefício ambiental, com melhor ambiência e conforto térmico aos animais, ciclagem de nutrientes, fixação biológica de nitrogênio, drenagem do solo, fonte de alimento para gado, sequestro de carbono, entre outros. O segundo é a adição ou substituição de renda, ou seja a árvore entrando como uma fonte de renda extra para a propriedade ou como uma atividade de maior importância econômica no sistema.
“O que vai definir as estratégias que o produtor deverá adotar é o mercado. É preciso estudar o mercado local. Nós pesquisadores e técnicos temos de ter cuidado ao divulgar e fazer recomendações”, alerta Flávio Wruck.
Como exemplo de espécies com grande potencial na geração de serviços ambientais, Wruck citou a acácia mangium, o nim indiano e a gliricídia. Como alternativas de adição ou substituição de renda destacou teca, eucalipto, mogno africano e seringueira. De acordo com o pesquisador, cada espécie tem suas características biológicas, de aptidão e também de mercado. Logo, a escolha de qual utilizar e o planejamento da configuração de plantio devem ser feitos de acordo com as condições locais da propriedade.
CB SAF
O Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais será realizado até quinta-feira na Faculdade de Engenharia Florestal da UFMT, em Cuiabá. A programação será encerrada na sexta-feira com duas visitas técnicas a fazendas que adotam modalidades de SAFs.
Nesta quarta-feira a programação continua com minicursos, palestras e mesas redondas abordando os desafios para os sistemas Agroflorestais. Além disso, o evento conta com apresentação oral de trabalhos e exposição de pôsteres.
O Congresso Brasileiro de Sistema Agroflorestais é promovido pela Sociedade Brasileira da SAF e realizado pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Governo de Mato Grosso por meio SEAF e Sema, Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Instituto Ouro Verde, Grupo Semente e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Fonte: Agrolink