Com o objetivo de dar início ao 2º semestre do ano letivo e ao mesmo tempo homenagear a aluna formanda do 5º Período de Produção Publicitária da Faculdade de Balsas – Unibalsas, Thays Farias, que foi vítima de feminicídio no último final de semana, 28/07, em Balsas/MA, a coordenadora do curso, Alzira Coelho, promoveu a palestra “Feminicídio – o silêncio pode matar”, dia 30/07, para orientação e conscientização e “tirar dúvidas da comunidade acadêmica e da comunidade externa como um todo, além de deixar uma mensagem significativa e importante”. Alzira Coelho informou ainda que “faz muito valer a pena a lembrança da nossa aluna Thays Farias e esse foi o objetivo meu como coordenadora do curso de Produção Publicitária da Unibalsas, que vem de encontro também com a missão da faculdade”.
O evento reuniu cerca de 450 pessoas, na maioria acadêmicos da faculdade, que tiveram como palestrantes o Delegado Regional Fagno Vieira, advogada Maécila Brito e os psicólogos Rômulo Mafra e Mônica. Eles falaram sobre o feminicídio, a violência contra mulher, o posicionamento do homem como causador das problemáticas em relação à violência da mulher e a necessidade de ruptura dos padrões e do machismo exagerado por parte dos homens.
Para a Advogada Maecila Brito, “a palestra é o início de um despertar para a comunidade acadêmica e para a sociedade em geral, ela traz reflexões importantes, traz conhecimentos. O Brasil é o quinto maior no mundo, isso mostra que devemos nos preocupar, debater e buscar soluções para esse problema que é de todos”.
Como advogada, Maécila diz “ver a importância de que a sociedade conheça a lei e seus direitos, bem como que conheçam também como funcionam os procedimentos após as denúncias, que a sociedade deve se mobilizar para fazer valer as leis”. “Como eu disse na palestra: o poder emana do povo, e nós povo temos esse dever de cobrar as autoridades de instruir uns aos outros sobre os direitos e deveres”. Maécila Brito reforçou o apela da palestra, afirmando que “também precisamos que cada um, homem e mulher tenham essa consciência, pois nossa comunidade é feita de todos nós juntos não só de mulheres ou só de homens, mas de todos unidos e prontos para enfrentar a problemática que é o feminicídio. O feminicídio é regulamentado pela lei 13.104/2015 tipificado como crime cometido contra a mulher, em razão da condição de sexo feminino”. E ressalta que “toda a comunidade procure cada vez mais conhecer seus direitos, buscá-los, e fazê-los valer”.
O Delegado Regional de Balsas, da 11ª Delegacia Regional, Fagno Vieira, disse que “o evento foi muito bom! Me surpreendeu o número de participantes no auditório lotado da Unibalsas. Não coube todas as pessoas que interessaram pelo evento. É importante tratar desse tema de maneira aberta, discutindo com a sociedade e para a comunidade acadêmica, representantes da sociedade de maneira geral é um tema que sempre está em pauta diante dos números, ano após ano, que são divulgados, que mostram elevados índices de violência contra mulher, violência de gênero da qual o feminicídio é a expressão mais violenta”.
O tema, que em Balsas ganhou especial relevância em razão do último episódio ocorrido há poucos dias entre feminicídio seguido de suicídio, ainda com uma aluna da faculdade e que resultou na promoção do evento, “acredito que esse foi o primeiro de muitos outros que virão pela frente e a Polícia Civil está disposta sempre a participar, colaborar com a sociedade na conscientização e educação do público de maneira geral”. Concluiu o delegado.
O Psicólogo Rômulo Mafra delineou o evento como muito importante “e ter esses eventos contínuos para que a gente possa não falar de feminicídio, mas falar das formas de resolver, de prevenir. A gente sabe que o feminicídio tem uma construção cultural, social, por conta da nossa sociedade machista, patriarcal. Então, é preciso desconstruir muita coisa na base, na educação de nossos filhos, despedirmos do machismo, desconstruindo as imagens que a gente adquiriu no decorrer da vida cultural, social, familiar, o que é muito difícil”. Pensar no futuro, de acordo com Rômulo é “construir as novas gerações”. Para o psicólogo, o evento é lugar de fala das mulheres. “Nós vamos somente como componente de uma sociedade patriarcal, para somar, porque a gente não é a vítima. A gente está ali como agente de mudança indireta. A gente é afetado na mudança. O protagonismo é delas. Então, a gente está engajado nesse movimento para que a gente consiga por fim a essa onda de feminicídio e crimes contra a mulher que a gente vê serem tão recorrentes em Balsas”.
Caso Thays Farias e Marlos Fernandes:
O empresário Marlon Fernandes matou a tiros a sua ex-companheira Thays Farias (aluna da Unibalsas) no sábado 27/07, no bairro Potosi, em Balsas/MA. O empresário foi até a residência da ex-companheira alegando que teria ido buscar o filho de 2 anos para lanchar. Quando Thays Farias se aproximou, o empresário sacou de uma pistola e disparou 11 tiros contra a vítima, que morreu no local. Marlon Fernandes foi para sua residência e cometeu suicidou com um tiro no ouvido.
Feminicídio
O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de Feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas pra os Direitos Humanos (ACNUDH). No Maranhão, já foram registrados 28 casos de feminicídios só este ano.