Seguradoras pagaram cerca de 1,1 bilhão de reais em indenizações a produtores de grãos que fizeram seguro agrícola na safra 2015/16, devido a perdas de produtividade por problemas climáticos, principalmente em lavouras de soja, milho e trigo, afirmou nesta quarta-feira a Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).
Foi o maior volume já registrado no país, levando em conta o período desde a safra 2006/07, quando o seguro agrícola passou a receber incentivo do governo federal e tornou-se mais difundido no Brasil.
O pagamento dos chamados sinistros foi realizado cerca de 60 dias após as colheitas dos segurados, disse o presidente da comissão de seguro rural da FenSeg, Wady Cury, durante evento em São Paulo.
“A partir da colheita é muito rápido”, disse o executivo, destacando que todos os pagamentos relativos à safra 2015/16 já foram totalmente quitados.
O Centro-Oeste, maior cinturão de grãos do país, sofreu com chuvas irregulares ao longo de toda a última temporada, prejudicando produtividades de soja e milho, os dois principais grãos da pauta brasileira de exportações.
Além disso, a última safra de trigo (2015) no Sul do país também foi prejudicada por clima adverso.
Outros cerca de 300 milhões de reais foram pagos a produtores que tiveram perdas em outras culturas, como frutas, afirmou ele. Os números referem-se às contratações de seguro feitas ao longo de 2015.
Segundo a FenSeg, o seguro agrícola recebe subvenção do governo federal em apenas 40 por cento dos contratos, o que indica que a maioria dos produtores que adota o mecanismo de proteção precisa arcar integralmente com os prêmios de contratação das seguradoras.
A entidade estima que 11 milhões de hectares de agricultura têm algum tipo de cobertura de seguro, o que compara-se, por exemplo, a uma área de 58,3 milhões de hectares de grãos, 9 milhões de hectares de cana e 2,2 milhões de hectares de café, segundo dados da Conab.
NOVA TEMPORADA
O Brasil está plantando a nova safra de grãos 2016/17 e, mais uma vez, os produtores têm tido dificuldade de obter ajuda do governo para custear os valores pagos pelo seguro.
Governo, produtores e até a Constituição de 1988 são unânimes em apontar o seguro agrícola como um mecanismo essencial para garantir a manutenção das atividades de plantio e a segurança alimentar e energética do país.
Contudo, cortes no orçamento da União fizeram as subvenções despencarem.
Em 2015 os recursos recuaram para 282 milhões de reais, devido ao ajuste fiscal, após terem atingido um recorde de 693 milhões de reais em 2014.
O Ministério da Agricultura informou que até o fim do mês passado haviam sido desembolsados 186 milhões de reais em subvenções, restando 214 milhões para serem utilizados até o fim de 2016, somando um orçamento de 400 milhões de reais no ano.
“Para 2017, solicitamos 700 milhões de reais, mas o orçamento (federal) já foi para o Congresso com cortes”, disse o diretor de Crédito, Recursos e Riscos do Ministério da Agricultura, Vitor Ozaki.
Segundo ele, a projeção é repetir em 2017 o volume de subvenções de 2016, de 400 milhões de reais, ou no máximo atingir 450 milhões.
“Sem contar com possíveis cortes”, ressalvou.
Fonte: Reuters