Dá certo um filho ser franqueado do próprio pai? E na hora de operar a unidade franqueada em sociedade com o filho, quem é que manda mais? Franqueados da Dr. Shape e Pinta Mundi Tintas contam suas histórias.
Trabalhar com o pai dá certo? Para muitas famílias, essa é uma opção bastante vantajosa, porque a experiência do profissional mais maduro une-se a tudo o que o mais jovem pode trazer de inovação ao negócio e o equilíbrio tornam a relação, que já é permeada pela confiança, muito lucrativa.
Quando decidiu que seria um franqueado da Dr. Shape, Thales Meira, de 25 anos, viu sua vida mudar completamente. Servidor concursado do Tribunal de Justiça de Poços de Caldas/MG, aonde tem a loja desde 2018, ele abandonou o antigo emprego e a carreira dentro do Direito para empreender no ramo dos suplementos alimentares e artigos esportivos. Mesmo que desconfiado no início, o pai dele, Márcio Meira, apoiou as ideias do filho, com quem hoje tem uma parceria em todos os aspectos da vida. “Em um primeiro momento, ele questionou se era aquilo mesmo que eu queria, mas logo me deu forças”, lembra o filho.
Essa mudança de carreira já era, de certa forma, esperada, porque quando Thales tornou-se franqueado já era fisioculturista campeão e treinava havia quase dez anos. “Eu fui para o varejo e meu pai viu que seria nesse ramo da saúde que eu me encontraria. Então, não demorou muito para me incentivar”, conta.
Formado em Direito, ele faz outras duas graduações atualmente: uma em Educação Física e outra em Nutrição. Além de franqueado, ele trabalha como mentor esportivo. Mas o mundo dos esportes não ficou apenas para o filho. Márcio começou a se cuidar melhor depois que se tornou sócio de Thales na Dr. Shape. “Isso aumentou muito a minha qualidade de vida, porque comecei a praticar esportes e tomar os suplementos. Assim, perdi peso e melhorei meu problema de pressão alta”, relata o pai.
A parceria nos negócios também se fortalece cada vez mais. Márcio é aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo. A experiência que adquiriu ao longo dos anos de trabalho é aplicada atualmente na Dr. Shape. Ele fica responsável pela organização financeira da loja. Thales tem muita vontade de aprender e evoluir, o que é inspirador para o pai.
Juntos, eles fortalecem os vínculos e vão ultrapassando barreiras. Os dois, inclusive, passaram por um momento difícil em 2016, quando a mãe de Thales, Helaine Meira, faleceu. “Nós já éramos muito ligados, mas quando tudo aconteceu a nossa relação ficou ainda mais próxima, porque dali em diante éramos só nós dois. Hoje, temos essa troca muito importante no trabalho, mas mais ainda na vida, de uma forma geral”, ressalta o filho.
Após enfrentar momentos mais difíceis por conta da pandemia – a loja precisou ficar fechada e o atendimento era feito por delivery – Thales conta que eles têm se reerguido agora. Quando o faturamento for completamente recuperado, pai e filho pensam em abrir outras unidades e fortalecer ainda mais a sociedade.
Ambos os perfis devem ser aprovados pela franqueadora
Para Thaís Kurita, advogada especializada em Direito Empresarial, com foco em varejo e franchising, a franqueadora precisa ficar atenta a qualquer sociedade – mesmo que ela seja familiar. “Um dos maiores motivos para problemas de relacionamento entre franqueador e franqueado é a aprovação de franqueados com perfil inadequado para o negócio. Por isso, quando há uma sociedade, ambos os sócios precisam ser aprovados pela franqueadora. Isso é fundamental para que haja mais chances de sucesso”, explica a advogada.
Os sócios também precisam ter suas funções bem delimitadas na operação da franquia, para que todas as áreas fiquem cobertas e atendidas e evitem-se discussões desnecessárias. “Independentemente de serem pai e filho, eles precisam lembrar-se que são sócios e, assim, haverá a responsabilidade de ambos para que o negócio prospere. Portanto, a melhor forma de o negócio prosperar é cada um tendo suas atividades”, ensina a especialista.
Quando Henry Safra começou a trabalhar na PINTA MUNDI TINTAS, em 2017, ele não sabia que cresceria com a marca. Existiam apenas seis lojas próprias na rede e o projeto de franquias estava sendo desenhado – um projeto que transformou a marca numa das principais do segmento, atualmente com mais de 60 lojas. “Eu participei da implantação da loja do bairro da Pompeia, na capital paulista, e sempre tive um carinho especial por ela”, comenta.
Conforme a rede crescia, ele foi desenvolvendo habilidades e, atualmente, exerce o cargo de Gerente de Implantação e Operações. Aos 26 anos, o jovem decidiu que seria uma boa hora de tornar-se franqueado da marca. “Sei que o negócio é excelente e quero ter minhas franquias também, porque investir naquilo que acreditamos é a maior prova de que o negócio é bom, afinal”, comenta.
Mas, Safra não poderia operar a loja conforme desejaria. Então, convenceu seu pai, Nessim Safra, de 63 anos, a ser seu sócio. “Eu aceitei porque gosto de balcão, de gente, de arrumar a loja, dos clientes. Construí minha vida como comerciante, com bancas de revistas na região da Avenida Paulista, e lidar com o público é minha paixão. Então, desde que eu não precise fazer planilhas, eu topo!”, diverte-se o pai.
Unindo forças e competências, os dois compraram a loja própria, o que deixou o franqueador, Nassim Katri, cheio de orgulho. “Eu tenho uma história antiga com o Nessim Safra. Quando eu tinha 17 anos, ele me deu meu primeiro emprego, em uma de suas bancas de revistas. Fiquei com ele por alguns anos. Depois, eu que empreguei o filho dele. Agora, seremos parceiros de negócios, tendo ele como meu franqueado. Essas voltas incríveis que o mundo dá são gratificantes”, diz o franqueador.
A loja da Pompeia, na capital paulista, está performando bem. “O Henry fica menos aqui porque mantém seu trabalho na gestão da franqueadora, então, eu é que toco o dia a dia da operação. Mas, trocamos muitas ideias, ele opina o tempo todo. E essa sinergia me deixa muito mais seguro, porque confio no meu filho”, explica Nessim.
O novo franqueado, apesar de toda a experiência no varejo, diz que o filho traz inovação ao negócio. “Ele tem uma visão até acadêmica, porque estudou muito mais do que eu. E está em constante atualização, então, é importante ouvi-lo e colocar em prática o que me ensina. Tenho muito orgulho do meu filho e sei que nossa parceria gerará muitos frutos”, finaliza o pai.
Quando o pai é franqueador do próprio filho
Albert Katri era apenas um menino quando começou a frequentar as lojas de tintas do pai, Nassim Katri. No intervalo das tarefas da escola, muitas vezes realizadas em uma das lojas, Albert observava o pai negociando com fornecedores e clientes. “Eu comecei a entender do varejo de tintas bem cedo, porque meu pai me ensinava coisas que eu não teria aprendido sem a experiência dele. E, aos 18 anos, já tinha conhecimento suficiente para treinar pessoas”, lembra-se Albert, atualmente com 25 anos.
Foi mais ou menos nessa época que Nassim Katri decidiu que sua rede de lojas próprias, que era bastante promissora e lucrativa, poderia tornar-se uma franquia. “Foi um momento de extremo trabalho, porque a formatação exigiu muito de mim. E o Albert veio junto, me apoiando, mesmo sendo bastante jovem”, comenta Nassim.
Albert sentiu, entretanto, a necessidade de mudar de atividade, dentro da franqueadora. “Eu capacitava pessoas para que as lojas próprias de nossa família tivessem o mesmo conceito que as franqueadas. Porém, sentia certa resistência de alguns funcionários, mais velhos, que me conheciam desde criança e que, por não entenderem de imediato as transformações pelas quais nossa rede estava passando, não aceitavam completamente o treinamento. Então, conversei com meu pai e lhe pedi para ser franqueado”, comenta Albert.
Nassim refletiu bastante e aceitou, dando ao filho a oportunidade de comprar uma de suas lojas próprias, no bairro de Perus, em São Paulo. “É uma loja distante das demais e que precisava de muita atenção. Eu aceitei o desafio e cheguei ao local realizando uma reforma e implantando mudanças. Vendi meu carro para investir e meu pai me ajudou, parcelando estoque. Mas, ele me tratou como um franqueado – o que me dá mais orgulho porque, hoje, a loja apresenta excelentes resultados”, comemora Albert.
Nassim Katri é só elogios ao filho. “Atuamos em um ramo extremamente lucrativo – mas, que não desperta nos jovens um grande interesse porque eles não entendem, a princípio, a baixa complexidade da operação e a alta lucratividade. Albert, porém, tem essa boa história para contar e consegue operar tão bem que ainda dá conta de prestar suporte a outras lojas da rede. Certamente, ele terá um futuro muito promissor na Pinta Mundi Tintas”.