Um visual inadequado pode manchar a imagem do trabalhador, além de diminuir as chances de contratação e promoção na empresa. Certas peças não devem sair do guarda-roupa na hora de montar o visual para trabalhar. Confira quais são e aprenda a montar trajes adequados à sua carreira
Vestir-se apropriadamente é importante ingrediente no código de conduta do ambiente profissional. Embora não seja o único fator a ser apreciado em um trabalhador (a competência, evidentemente, ainda fala mais alto), é elemento potencialmente determinante na ascensão profissional. Para os jovens, a tarefa de se arrumar para a labuta pode ser ainda mais capciosa devido à inexperiência. “A chance de errar é maior pelo fato ser o primeiro contato deles com o mundo do trabalho. Muitos abusam da informalidade, mas, ao longo da vida, vão aprendendo”, observa Clarissa Ludovico, consultora de imagem da empresa InDue. Mas a regra vale para todos. “A maior incidência de gafes é entre jovens, mas não é exclusividade deles. Há ocorrências em diferentes idades”, declara Lucia de Almeida, diretora do Departamento de Carreira da consultoria de recrutamento e seleção MSA.
Fernanda Chaud, master coach da Sociedade Brasileira de Coaching, afirma que a maioria das empresas não tem um manual escrito sobre como o empregado deve se apresentar, então é preciso observar o ambiente para se adequar. “O maior erro é não estudar a cultura da empresa. Se estamos falando, por exemplo, de mercado financeiro ou de multinacionais, a formalidade é uma regra”, adianta Lucia de Almeida. Já em casos de agências de publicidade, redações de jornais, agências de turismo, empresas envolvidas com redes sociais e inovação, por exemplo, é possível trajar peças mais casuais.
“Profissões que lidam com a criatividade costumam ter mais liberdade”, aponta Clarissa Ludovico. Cargos em que a pessoa tem contato direto com o cliente exigem boa apresentação, como roupas limpas, passadas e adequadas. Segundo a coach Fernanda Chaud, uma boa maneira de descobrir o código mais adequado é se basear nos líderes. “Ache modelos de profissionais que você admire e entenda qual a vestimenta dessas pessoas. O objetivo é seguir a mesma linha, adaptando o que elas usam ao seu estilo”, descreve. Clarissa Ludovico defende que manter a própria personalidade é um ponto crucial na hora de ajustar o guarda-roupa ao mercado de trabalho. “Não adianta se fantasiar de executivo se você não passa confiança. Você não precisa perder sua essência”, revela.
“A apresentação de cada colaborador é fundamental na construção da imagem da empresa”, afirma Flávio Morelli, diretor de Recursos Humanos da TIM. Entretanto, cada universo tem um código de vestimenta. Na empresa de telefonia em que Flávio trabalha, por exemplo, o traje formal não é sempre obrigatório. A firma adotou, em 2015, a campanha “Bermude-se”, permitindo que funcionários vistam bermudas.
Lucas Santiago de Souza, 33 anos, engenheiro de redes na TIM, gostou da mudança. “A qualidade de vida aumentou muito. Brasília é muito quente e seca, e passamos boas horas no escritório. Poder trabalhar vestindo um traje mais adequado nos deixa mais confortáveis”, conta. A informalidade, no entanto, é regrada. A abertura não vale para reuniões com clientes, e é necessário que todo funcionário mantenha uma calça no armário para imprevistos. Além disso, é necessário respeitar um comprimento padrão.
Zilma Lacerda, 43 anos, gerente de Pessoal da consultoria de RH Spot, vê a aparência como fator determinante na contratação. “Uma pessoa estava com uma blusa um pouco encardida e sandálias com os dedos de fora — não estava adequada, como se não se importasse. Outra estava arrumada, maquiada, com cabelo alinhado. No caso dessas duas candidatas, isso influenciou a decisão”, exemplifica. O tema também abala a rotina do trabalho, e ela precisou chamar a atenção da equipe devido às roupas escolhidas para comparecer ao escritório.
“Uma funcionária trabalhava há pouco tempo na empresa e veio de shortinho e salto bem alto. Quando cheguei, muita gente me abordou falando da roupa dela. Chamei-a para conversar, falei que aquilo não era propício e pedi que ela fosse para casa se trocar”, relata a chefe que lidou com situações semelhantes outras vezes.
Zilma aposta que uma solução para casos como esse seria explicar, no ato da contratação, o vestuário adequado esperado dos funcionários contratados para não haver imprevistos. Estar na posição de chefe exige passar por alguns momentos constrangedores — como o de informar ao empregado que ele está se vestindo mal —, mas necessários. Nessas ocasiões, Zilma chama os trabalhadores para uma conversa particular.
E se eu me visto mal?
A negligência com a aparência sempre pega mal. “Desleixo não pode em lugar nenhum, nem em espaço informal”, observa Clarissa Ludovico. Segundo a consultora, desalinho denota uma mensagem de descomprometimento. “Se a pessoa é desleixada consigo mesma, vai ser com relação ao trabalho”, sugere. Exemplos disso seriam calças “empapadas”, com barra por fazer, roupas puídas, com aparência de velhas, barbas desgrenhadas, esmalte descascando, cabelos pintados com raiz à mostra e roupas amassadas.
A inadequação do vestuário pode gerar desde comentários e olhares desagradáveis de colegas a represálias de superiores e, em casos extremos, demissão. “Você representa a empresa: não se trata apenas da sua imagem”, diz Daniela Kniggendorf, sócia de Clarissa na consultoria de imagem InDue. “Quanto mais informação o look tiver, quanto mais chamativo for, menos atenção a mensagem que a pessoa realmente quer passar vai receber”, complementa Daniela.
No fim das contas, o mais importante ao se arrumar para trabalhar é ter noção do ambiente. Higiene pessoal é fundamental, bem como alinhamento e boa apresentação das roupas. Como o visual esperado pode variar bastante, é importante ler o ambiente em que se está inserido. Para Fernanda Chaud, é difícil categorizar certo e errado devido à variação nos níveis de formalidade. “Não tem uma norma-padrão. A regra é o bom senso”, declara.
Na prática / Confira looks adequados e inadequados para o ambiente laboral
Créditos
- Produção: Clarissa Ludovico e Daniela Kniggendorf, da consultoria de imagem InDue
- Modelos: Ana Flávia Castro e Pedro Nóbrega
- Roupas: Daslu, Via Romama e Schutz
- Cabelo e maquiagem: Shonny Oliveira e eqipe do Alexandre Viana Studio Hair
- Locação: ParkShopping Corporate
Para tirar do guarda-roupa profissional
Cada peça de roupa tem seu momento de adequação, mas vários artigos não encontram espaço nos ambientes profissionais. Salvo exceções, que podem variar de acordo com locais específicos, seguem abaixo os itens proibidos para usar no trabalho:
» Barriga de fora
» Roupas muito curtas
» Shorts e bermudas
» Regatas para homens
» Sutiã à mostra
» Brincos muito grandes
» Transparências
» Decotes profundos
» Chinelos
» Bonés
» Camisetas
» Roupas de academia
» Tênis esportivos
» Perfumes muito fortes
» Roupas de balada
» Roupas rasgadas
» Roupas amassadas
» Acessórios muito chamativos
Fontes: Clarissa Ludovico e Daniela Kniggendorf, da consultoria de imagem InDue
Para não fazer feio no escritório
Itens básicos que você deve ter no guarda-roupa para apresentar uma boa imagem no escritório:
» Terno
» Tailleur
» Terceira peça, como blazer e colete
» Saias e vestidos com, no mínimo,
quatro dedos acima dos joelhos
» Camisas sociais ou polo
» Blusa de manga sem grandes decotes
» Calças escuras, especialmente em
caso de jeans
» Acessórios discretos
» Sapatos sociais confortáveis, como oxfords, sapatilhas e scarpins.
» Cores sóbrias
» Perfume moderado
Fontes: Clarissa Ludovico e Daniela Kniggendorf, da consultoria de imagem InDue
Complementos de visual / Confira como cuidar de elementos que não fazem parte do guarda-roupa para ter uma melhor imagem
Rosto para homens
Para os amantes de pelos faciais, um alívio: as barbas são permitidas, desde que sejam aparadas. O estilo selvagem não pega bem. Para quem precisa se barbear e tem pelos encravados que marcam o rosto, fazer depilação definitiva é uma boa alternativa.
Rosto para mulheres
Maquiagem, dependendo da área em que se trabalha, é importante, mas apenas para dar aspecto de suavidade: algo leve e bonito. Base, rímel e batom é o kit ideal. Mas tome cuidado para não errar a mão: maquiar-se em excesso é um erro grave.
Cabelos
É fundamental que estejam limpos e organizados. Para mulheres em âmbito mais tradicional, prendê-los é uma boa opção. Quando cabelo preso não for exigência, é importante mantê-los penteados e alinhados para uma boa apresentação. Para os homens, o recado é o mesmo: aparentar ter acabado de acordar não denota profissionalismo.
Fontes: Clarissa Ludovico e Daniela Kniggendorf, da consultoria de imagem InDue, Jornal Correio braziliense