Em 54 horas de atividades, Startup Weekend Women promoverá capacitação para quem quer abrir uma empresa inovadora. A edição é especialmente feminina, mas um quarto das vagas é reservada a homens.
Pitch, canvas, validação e modelo de negócio. Esses são termos constantemente utilizados no mundo das startups — empresas, ainda em etapa de desenvolvimento, voltadas para inovação cujo objetivo é desenvolver um modelo de negócios que seja reproduzível em grande escala. Esse tipo de organização está cada vez mais em alta, mas nem todos os donos de grandes ideias sabem como colocá-las em prática. Por isso, eventos temáticos são importantes para dar uma mãozinha a empreendedores iniciantes. O Startup Weekend (SW), por exemplo, promove 54 horas de imersão, em que os participantes devem pensar em como tirar as ideias do papel e aprender a montar o próprio negócio. O evento foi criado pela Techstars, aceleradora norte-americana.
O formato chegou a 130 países e, no fim do mês, Brasília receberá uma edição voltada especialmente a mulheres. Será a primeira edição do Startup Weekend Women no Centro-Oeste. Só este ano, Brasília sediou dois encontros do tipo SW — a versão tradicional, em 29 de abril, na casa Thomas Jefferson, e a Fintech, direcionada para startups do mercado financeiro, em 16 de setembro, no edifício-sede do Banco do Brasil. A próxima atração será a estreia no formato feminino, cujo objetivo é aumentar o envolvimento do gênero com o empreendedorismo e fomentar a criação de empresas por mulheres no país. Durante três dias, os participantes dormirão, comerão e trabalharão no evento, totalmente imersivo.
“Esta edição é focada na participação e na inclusão feminina no mercado de tecnologia e inovação”, afirma Marcela Moraes, 28 anos, uma das quatro organizadoras do evento no DF. A designer, engajada em projetos de empreendedorismo social, se uniu a três donas de negócios — Amanda Sanromã, 24, fundadora da Menttoo, startup de coaching e mentoring; Michelle Protzek, 32, fundadora do estúdio de design Flama; e Paloma Braga, 31, colaboradora da startup de finanças e tecnologia BxBlue, que planeja a abertura da própria empresa — para organizar o evento, sem fins lucrativos. As equipes de organização, banca avaliadora e mentoria são voluntárias. “Tivemos experiência de participação em encontros de empreendedorismo e tecnologia em que nos sentimos inibidas. Então, queremos criar um ambiente confortável para as mulheres tirarem dúvidas e se desenvolverem sem pressão masculina”, conta a designer Michelle Protzek.
Entre as 100 vagas, 25 são reservadas a homens. “Se recebêssemos só mulheres, estaríamos promovendo uma segregação, e não é o que queremos”, explica a publicitária Paloma Braga. No primeiro dia do Startup Weekend Women, os participantes que desejam desenvolver uma ideia apresentam um curto discurso, chamado pitch. Após a exposição, os criadores das opções mais votadas formam equipes para começar a etapa de desenvolvimento. “É como em uma entrevista de emprego: você se candidata para participar da startup da forma que puder, e os idealizadores te recrutam ou não de acordo com a necessidade deles”, conta Paloma. Uma vez criados os grupos, a produção começa. Há períodos cronometrados para desenvolver diferentes etapas do processo de concretização da empresa, desde a fase de validação — na qual os participantes realizam entrevistas com possíveis consumidores do produto — até a apresentação final, quando os times são avaliados por uma banca na presença de investidores.

Por que ir?
Participar de eventos de incentivo ao empreendedorismo como esse é essencial para conhecer melhor o mercado, na visão de Juliana Guimarães, 32 anos, sócia da aceleradora de negócios Acelere.me. “Estamos no processo de desenvolvimento de uma cultura empreendedora aqui no DF. Essas iniciativas são de extrema importância para que os futuros empreendedores entendam que nenhuma ideia vale R$ 1 milhão enquanto for só uma ideia”, afirma a especialista em produtos, marcas e serviços. “É importante ainda desmistificar a ideia de que quem deve participar de eventos de empreendedorismo é só quem quer abrir uma empresa. Você pode ser um funcionário empreendedor, que identifica oportunidades e resolve problemas”, diz ela, que acredita que o Startup Weekend Woman é um bom começo para quem precisa entender o mundo empresarial.
Foi por isso que a empresária Amanda Sanromã, uma das organizadoras do Startup Weekend Women, se interessou por atividades do tipo. “Quando tive a ideia para o meu negócio, eu não conhecia nenhum conceito desse mundo. No Startup Weekend, aprendi muita coisa. Foi a minha introdução ao empreendedorismo”, revela. “A minha motivação para participar do projeto de organização do evento é a grande necessidade de ter mulheres engajadas nesse meio. Precisamos abrir espaço para que elas se sintam confortáveis e gerar consciência e engajamento. A minha vontade é ser uma agente de transformação”, sonha.
Confira também / Campus Day
Brasília recebe no próximo mês o Campus Day, prévia da Campus Party, grande evento de inovação, cuja próxima edição será em julho de 2017, no DF. Data e horário: 5 de novembro, das 14h às 22h Local: Auditório principal do Centro de Convenções Ulysses Guimarães Inscrições: gratuitas pelo site.
Não perca! / Startup Weekend Women
Data: 28, 29 e 30 de outubro Local: Espaço Maker da Casa Thomas Jefferson — 606 norte Taxa de inscrição: o terceiro lote está sendo vendido a R$ 170. Informações.
Eu vou
Letícia Duarte (foto), 32 anos, arquiteta e analista de tecnologia da informação, comprou seu ingresso para o evento. “Eu trabalho em uma empresa pública, e esses conhecimentos me ajudam a inovar aqui dentro”, afirma a servidora, que prefere não dizer onde trabalha. “Acredito que vou me identificar mais com o evento por causa do maior número de mulheres. Nas outras vezes, o ambiente era um pouco opressor por causa da excessiva presença masculina”, conta.
Fonte: Correio Braziliense