Saem os remos, entram os motores. Essa passou a ser a situação de centenas de pescadores artesanais de diversas cidades que receberam os equipamentos nesta sexta-feira, 10/05, em São Luís. A entrega foi feita pelo governador Flávio Dino. Foram 740 motores, além de materiais de pesca, para trabalhadores de 40 municípios.
Valmir de Oliveira Fernandes, da Associação de Pescadores e Catadores de Caranguejo de Araioses, esteve na cerimônia: “Nossa associação não tinha motor e passou a ter agora com o Flávio Dino. Vai dar vida para os catadores de caranguejo, que são sofredores. Agora encontramos esse apoio e vai dar vida para a gente”.
A entrega foi feita por meio da Secretaria de Estado do Trabalho e da Economia Solidária (Setres). Participaram secretários de Estado, prefeitos e representantes de organizações de atividade pesqueira do estado.
“Este é o caminho para o desenvolvimento. É uma entrega expressiva, mostrando nossa preocupação com aqueles que trabalham. Temos o segundo maior litoral do país e bacias hidrográficas importantes”, afirmou Flávio Dino.
Para Lavina Lisboa, secretária de Pesca de Raposa, os novos motores vão ajudar no trabalho das marisqueiras do município: “Como o local de extração fica distante da costa, elas necessitam de uma embarcação. O marisco é pesado, então esses motores vão facilitar o dia a dia”.
Nova rotina
Os equipamentos foram entregues a colônias, associações e sindicados pesqueiros. É uma iniciativa do projeto TrabPesca, que apoia essas entidades e busca levar equipamentos motorizados em substituição ao transporte manual, gerando rapidez e melhoria da infraestrutura.
Tudo isso resulta em aumento da produtividade e da renda. “Vai ajudar quem não tem condições para comprar um motor. Não vou mais precisar pagar outras embarcações para trabalhar. Essas canoas com esses motores vão facilitar muito a vida”, contou o pescador Francisco de Assis, um dos beneficiados pela entrega.
Segundo o secretário Jowberth Alves, da Setres, a medida vai incentivar a cadeia produtiva e pesqueira do estado. “O TrabPesca é um projeto que vai melhorar as condições de trabalho e facilitar bastante a vida dos nossos pescadores artesanais. É um trabalho para gerar trabalho e renda na cadeia da pesca no Maranhão”.
“É uma oportunidade para os pescadores. Evita que o pescador fique só na prática do remo”, disse o prefeito Manoel de Jesus, de Cachoeira Grande.
Conceição Alves, representante do sindicado de pescadores de Bacabeira – entidade com mais de 2.600 trabalhadores cadastrados – ressalta a importância do material: “Tem muitos pescadores necessitando, com canoas sem motor. Agora vai ficar muito melhor”.
Pesca artesanal
No Maranhão, segundo o IBGE 2010, mais de 47 mil pescadores vivem exclusivamente da pesca artesanal, que tem papel fundamental na geração de mão de obra e de renda para milhares de famílias de baixa renda.
A pesca artesanal é uma atividade caracterizada principalmente pela mão de obra familiar, com embarcações de porte pequeno, como canoas ou jangadas, ou ainda sem embarcações, como na captura de moluscos perto da costa. Sua área de atuação está nas proximidades da costa e nos rios e lagos.
Segundo a Federação das Colônias de Pescadores do Estado do Maranhão (Fecopema), existem atualmente 159 colônias de pescadores em todo o estado, gerando emprego e renda a milhares de pessoas que sobrevivem da atividade.
Sustentabilidade e autogestão
O projeto TrabPesca é desenvolvido no âmbito do programa Desenvolvimento da Economia Solidária, através do fortalecimento dos grupos de pesca artesanal, com base no cooperativismo, associativismo, autogestão e sustentabilidade.
Qualificação para o Trabalho
Além dos motores para incremento da pesca artesanal, também foram entregues certificados a alunos que concluíram cursos nas áreas de Mecânica e manutenção de motos, Confecção de redes em brim com varandas, Pintura em tecido, Doces e salgados e Panificação e confeitaria.
Ao todo, mais de 70 alunos concluíram os cursos, realizados a partir de parcerias com instituições públicas e organizações sociais em São Luís.
Os cursos foram realizados no âmbito do Programa Mais Qualificação para o Trabalho, que oferta cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) com carga horária de 80 a 200 horas, atendendo demandas do mercado de trabalho local e da população economicamente ativa com maior vulnerabilidade, promovendo a inclusão social e a inserção no mundo do trabalho.