Fonte:Tânia Rêgo/Agência Brasil

Segundo o pontífice, o modelo voltado apenas para o mercado pode eliminar a variedade de espécies e riqueza da biodiversidade  O agronegócio foi tema de uma audiência realizada no Vaticano na última sexta-feira, 09/12, entre o papa Francisco e membros da Associação Internacional Católica Rural (Icra, da sigla em inglês). Em seu discurso, o comandante máximo da Igreja Católica falou sobre a importância da agricultura em alimentar a população mundial e também criticou um modelo de agronegócio que, segundo ele, “pode eliminar a variedade de espécies e riqueza da biodiversidade”.

Francisco lembrou que a Icra tem ido contra os pensamentos desse modelo de agronegócio citado e que é apoiado pela Santa Sé. “Isso evita não só perdas e desperdícios na produção, mas também o uso descuidado de técnicas que, em nome de uma colheita abundante, pode eliminar a variedade de espécies e a riqueza da biodiversidade, além de não sabermos as consequências para a saúde humana. Quando vemos tantas doenças raras que ninguém sabe de onde vêm, temos que parar para pensar. Somos testemunhas silenciosas de desigualdades graves (…)”, falou.

Em seu discurso, o papa Francisco disse que colocar o negócio sempre em primeiro lugar prejudica o trabalho no campo e “sacrifica os ritmos da vida agrícola, com seus momentos de trabalho e tempo limitado para descanso semanal e cuidado com a família”.

A importância da agricultura

O pontífice lembrou ainda da importância da agricultura no desenvolvimento das nações. “Em algumas áreas geográficas, de fato, o desenvolvimento da agricultura continua a ser a principal resposta possível à pobreza e escassez de alimentos. Mas isso funciona para remediar a falta de aparatos institucionais, para a aquisição desigual da terra cuja produção não está sujeita aos beneficiários legítimos, por métodos especulativos, ou injusto, e para a falta de políticas específicas nacionais e internacionais.”

No final de seu discurso, o papa falou sobre um encontro que teve com um produtor rural.

“Há um mês, eu tive uma conversa com um agricultor. Ele me contou como trabalha com a poda de oliveiras. Um simples agricultor, que cultivou azeitonas. E quando ele me falou da maneira como ele fez, eu lhe asseguro que vi ternura, pois ele tinha essa relação com a natureza. Ele podava suas árvores como se fosse pai delas. O importante é não perder essa relação com a natureza, com a criação, pois isso garante dignidade para todos nós”, finalizou.

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