Até agora, bolsistas estão presentes em 83% das conquistas do país em Lima. Se fossem ‘nação à parte’, contemplados pelo programa estariam em quinto no quadro de medalhas
A cinco dias do fim das competições nos Jogos Pan-Americanos de Lima, os integrantes do Bolsa Atleta superaram o patamar simbólico de 100 pódios. O Brasil ocupa a segunda posição no quadro geral de medalhas do megaevento, com 88 medalhas, 27 delas de ouro. Ao todo, 148 dos 485 atletas originalmente inscritos na delegação nacional ficaram entre os três primeiros em suas competições. Desses, 103 são beneficiados pelo patrocínio do programa da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania.
O número indica que os contemplados pelo Bolsa Atleta estiveram em 83% das conquistas do Brasil até agora. Ou, ainda, que 70% dos atletas nacionais que subiram ao pódio recebem recursos do programa. Das 88 medalhas, 63 foram conquistadas exclusivamente por bolsistas. Outras 10 vieram em provas coletivas com a participação de bolsistas e 15 não contaram com contemplados. Dessas 15, quatro foram obtidas em provas que não fazem parte do programa oficial dos Jogos Olímpicos.
Os atletas patrocinados pelo governo federal já marcaram presença no pódio em 24 modalidades. O grupo tem uma quase igualdade de gênero, com 49 mulheres e 54 homens. O investimento federal anual nesses medalhistas é de R$ 4,95 milhões.
Numa visão mais detalhada, os bolsistas estiveram presentes em 21 dos 27 ouros, em 18 das 22 pratas e em 34 dos 39 bronzes. Com essa performance, se o Bolsa Atleta fosse, hipoteticamente, uma nação paralela independente, estaria entre os cinco melhores no quadro de medalhas, atrás de Estados Unidos, Brasil, Canadá e México. Os Jogos Pan-Americanos de Lima reúnem 41 países e quase 7 mil atletas.
Ao todo, 333 atletas que estão em Lima recebem atualmente o Bolsa Atleta, num investimento anual de R$ 14,6 milhões. Nesse cenário de 103 medalhistas, quase um em cada três (31%) bolsistas já subiram ao pódio. A reta final de competições ainda prevê a participação da delegação em modalidades com grande tradição de medalhas, como judô, natação, atletismo, tênis de mesa, caratê e vela.
Entre as conquistas mais recentes que tiveram a “digital” do Bolsa Atleta, destaque para o ouro na dupla masculina do tênis de mesa, com Hugo Calderano (categoria Pódio) e Gustavo Tsuboi (categoria Olímpica), o título de João Gomes Jr. (categoria Pódio) na prova dos 100m peito da natação e a prata com novo recorde sul-americano de Andressa Oliveira de Morais (categoria Pódio) no lançamento de disco.
“Desde que conquistei o meu primeiro título internacional eu conto com essa parceria. Primeiro, com a bolsa internacional. Depois, quando fui para as Olimpíadas, passei a ter a categoria olímpica. É algo que me ajuda a ter uma retaguarda. A saber que posso me dedicar ao esporte, que existe uma renda para me sustentar. Sempre podemos pensar em formas de melhorar, mas é claro que ajuda demais com as despesas de ir ao treino, se alimentar, suplementação, viagens para campeonatos, investir em preparação física”, afirmou Gustavo Tsuboi, que também já conquistou a prata em duplas mistas, ao lado de Bruna Takahashi.
O Bolsa Atleta é o maior programa de patrocínio individual e direto a atletas do mundo. Desde 2005, já foram concedidas mais de 63,3 mil bolsas para 26,5 mil esportistas de todo o país. O investimento supera a marca de R$ 1,1 bilhão no período.
Atualmente, estão contemplados 6.199 esportistas com bons resultados em competições nacionais e internacionais de suas modalidades, nas categorias Olímpica/Paralímpica, Internacional, Nacional, Atleta de Base e Estudantil. São 4.873 atletas de modalidades olímpicas e 1.326 de modalidades paralímpicas. O investimento soma R$ 84,5 milhões no ano, sendo R$ 18,3 milhões nos atletas paralímpicos.
Categoria Pódio
Atualmente, há 277 atletas vinculados à categoria Pódio, a mais alta do programa. Nessa faixa, são apoiados atletas entre os 20 primeiros no ranking mundial da modalidade ou prova específica. O investimento supera R$ 35,5 milhões ao ano, sendo R$ 20,4 milhões nos atletas paralímpicos. São 130 atletas de modalidades olímpicas e 147 atletas de modalidades paralímpicas. No dia 15 de julho, foi lançado o último edital do Bolsa Pódio para o ciclo dos Jogos Olímpicos de Tóquio. O prazo de envio das indicações vai até 22 de outubro.
Recomposição de orçamento
O Bolsa Atleta é uma das prioridades da atual gestão do governo federal. Nos primeiros 100 dias, foram instituídas medidas para fortalecer o programa. Foram adicionados ao orçamento do Bolsa Atleta R$ 70 milhões. Com os recursos adicionais, a pasta dobrou o número de apoiados, passando de 3.058 para 6.199, nas categorias Olímpica/Paralímpica, Internacional, Nacional, Atleta de Base e Estudantil.
Modernização do programa
Paralelamente, foi enviado ao Congresso Nacional um Projeto de Lei com propostas para modernização. Entre as mudanças sugeridas está o reajuste de cerca de 10% nos valores das categorias e a adoção de um sistema de escalonamento, observando o nível da competição e o resultado esportivo, como já é feito no Bolsa Pódio.
Proposta de modernização do programa enviada ao Congresso Nacional
Ciência e políticas públicas
O desempenho dos atletas brasileiros é acompanhado em tempo real por pesquisadores do Projeto Inteligência Esportiva (IE), com objetivo de avaliar a participação do Brasil na competição, bem como levantar dados que possam subsidiar o acompanhamento e a implementação de políticas públicas.
O projeto IE é uma ação conjunta entre o Instituto de Pesquisa Inteligência Esportiva da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento (SNEAR) da Secretaria Especial do Esporte, do Ministério da Cidadania. Criado em 2013, tem objetivo de produzir, aglutinar, sistematizar, analisar e difundir informações sobre o esporte de alto rendimento no Brasil e analisar as políticas públicas para o esporte de alto rendimento.