Gestão, manejo e respeito às pesquisas auxiliam cultura do algodão.  Foto: Staff Brasil 

O futuro do agronegócio dentro do atual contexto político e econômico do país foi o tema discutido em uma das plenárias desta quarta-feira, 30/08, durante o 11º Congresso Brasileiro do Algodão (11º CBA) que a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) promove até esta sexta-feira, 01/09, no Centro de Convenções de Maceió/AL. O debate moderado pelo jornalista da Rede Globo William Waack contou com a participação do presidente da Abrapa, Arlindo Moura, do economista-chefe do Rabobank Brasil, Maurício Oreng, e do analista político da Tendência Consultoria Integrada Rafael Cortez.

Na sua apresentação, o presidente da Abrapa ressaltou o agronegócio como locomotiva da economia brasileira.  “Foi a nossa atuação que garantiu o superávit da balança comercial brasileira no último ano e temos um grande potencial de crescimento”, assinalou. Moura destacou que, para continuar crescendo, o setor precisa focar no futuro, sempre incorporando novas tecnologias, como a internet, a favor do desenvolvimento do negócio. “Creio que, se necessário, os produtores devem fazer seus próprios investimentos na dotação de infraestrutura, a exemplo da implantação de redes de comunicação, como já fizemos com a construção de estradas”, afirmou.

Já Maurício Oreng tratou do tema Economia e finanças no Brasil em tempos de crise, ressaltando que não há como o país alcançar um ritmo de crescimento contínuo sem a diminuição da dívida pública. Ele acredita que isso só será possível com a Reforma da Previdência, em andamento no Congresso Nacional. “A reforma é essencial, pois, só com sua aprovação, poderemos garantir que a dívida não continue subindo”, afirmou o economista.

Rafael Cortez discutiu As bases políticas para o desenvolvimento sustentável.  Em sua opinião, as condições políticas para que a sustentabilidade ocupe lugar na agenda do desenvolvimento do país precisam ser recriadas. “As eleições de 2018 serão o novo marco para esta retomada, para a reorganização do país,  que deverá sair de um modelo ancorado no consumo para um  que tem como base o investimento privado”, opinou.

Para William Waack, mediador do debate, um evento setorial como o 11° CBA traduz as demandas, as necessidades e a situação de uma sociedade inteira. “O que ficou claro para mim neste evento foi a necessidade de nós todos, no Brasil, nos mobilizarmos politicamente em torno de ideias e propostas que possam fazer o país sair da crise e melhorar”, concluiu o jornalista.

A viabilidade econômica do algodão e suas alternativas sustentáveis têm como pilares a gestão do negócio, o manejo e o conhecimento dos principais problemas. Com base nesses quesitos, os especialistas Fernando Lamas da Embrapa Agropecuária Oeste, Carlos Moresco da Agopa, Alexandre Cunha da Embrapa Algodão e Evaldo Takizawa, da Ceres Consultoria apresentaram, durante o 11º Congresso Brasileiro do Algodão, conceitos para aliar mercado, sustentabilidade e produção com o respeito às pesquisas.

“Para obter viabilidade em longo prazo é necessário ter um bom manejo, respeitar as pesquisas e as áreas de refúgio. Assim, daremos vida longa às novas tecnologias que chegam para reduzir a aplicação de defensivos nas lavouras”, acredita o especialista da Agopa, Carlos Moresco. Para ele é fundamental mostrar aos produtores o quanto é importante respeitar as orientações e avaliações das pesquisas, tornando-as balizadoras no processo de tomada de decisões.

Nesse aspecto, de acordo com o especialista da Embrapa Algodão, Alexandre Cunha, o uso das plantas de cobertura aparece como uma alternativa para a melhoria do sistema de produção, diminuindo os problemas e auxiliando no manejo integrado de combate às pragas. “Essas plantas de cobertura podem ainda absorver nutrientes a maiores profundidades do solo, beneficiando o cultivo do algodão. Ao longo do tempo e com o equilíbrio do sistema, a tendência é a redução da aplicação de fertilizantes”, explica Cunha, ressaltando que hoje os fertilizantes representam cerca de 25% do custo do algodão no Brasil.

Dessa forma os especialistas entendem que os produtores devem conhecer e controlar os custos de produção, dando especial atenção à volatilidade dos preços de mercado para estabelecer, antecipadamente, as estratégias de comercialização. “Escolher as variedades mais adaptadas para cada região, preservar as tecnologias e dominar a fundo os problemas nas propriedades também facilita o desenvolvimento do negócio algodão e, por fim, compreender os potenciais destrutivos das pragas, respeitando as pesquisas são algumas das ações que farão a diferença para o produtor de algodão no Brasil”, diz Moresco.

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