Buscar horizontes entre famílias e carreiras, é o que atrai a Escolinha M10 de futebol, em um campo cerca de expectativas e emoções.

Numa dessas tardes da semana, enquanto um grupo de alunos infanto-juvenis corre atrás da bola, em dourado sol balsense, mães se esquivam na sobra dos eucaliptos com olhos afiados nos filhos que tropeçam sobre as dificuldades, driblam o anseio de ir além e vibram com os gols, que sonham para um futuro promissor.

Esta semana, uma competição acontece no CT Instituto Agrex, espaço cedido para a Escolinha, enquanto a M10 constrói seu próprio CT. É o campeonato em prol da entidade Ação Mulher (Casa de Marias). A primeira fase será sábado (26/08) o dia todo, das 07h30 às 17h30 e o final no domingo (27/08), no mesmo horário.

Romário Sousa Cavalcante é o proprietário desta escolinha que vem se destacando em Balsas, pela disciplina que aplica aos alunos e a não diferenciação entre os mesmo. Na Escolinha M10, com 120 alunos matriculados, meninas e meninos, monitorados pelos profissionais de Educação Física Robson Ferreira, o auxiliar técnico Marcelo Castro e a nutricionista Marília Martins, disputam a mesma bola sem antagonismos ou distinção de força monetária, cor ou classe. Romário disse à reportagem deste Jornal, que lá dentro não existem mundos diferentes, senão os que já conseguem pegar numa bola e os que entre para aprender, mesmo assim requer uma igualdade que provem do berço de cada um: a educação e o respeito. “O futebol não foi feito para pobre ou para rico. Foi feito para qualquer pessoa que gosta de praticar o esporte.” “A escolinha cobra apenas R$ 30,00 porque qualquer pessoa pode contribuir com este valor para estar recebendo um treinamento de qualidade”. Completou Romário.

Paulo Ricardo, 08 anos. Encaminhado para o Flamengo para teste. “Antes eu era mal comportado na escola. Agora sou mais inteligente e ligado nos estudos. Quero ir para o Real Madrid”.

Alguns dos alunos que passaram pela escolinha estão em clubes de nome pelo Brasil, estão com o pé fora do campo, para seguir carreira como o filho do Reginaldo e Rejane, Kauan Almeida, sub 13, há 1 ano e 6 meses no Sport Recife (PE), camisa 10, Paulo Ricardo (08 anos) e Roger (filho do Rogério da Casa da Cerâmica) para avaliação no Flamengo, Gabriel Matos aprovado no Novo Horizontino, Carlos Henrique, que passa por período de dez dias no Grêmio (RS), João Pedro em avaliação no Palmeiras, Meizon que está alojado no Flamengo, além de mais 06 jogados no Recife e outros no Bahia para avaliação segundo afirmou o técnico Romário. Ele disse que já até perdeu as contas de quantos estão fora de Balsas para se tornarem titulares nos times espalhados em outros estados mas há alguns que já se tornaram profissionais, que inclusive contribuem com o projeto.

A M10 representou Balsas durante a disputa da IV Copa Norte de Futebol de Base em Araguaína/TO, entre os dias 18 e 22 de julho, com mais de 40 equipes de futebol de base e cerca de 700 atletas envolvidos. Competiu nas categorias sub 11, que terminou a competição em 4º lugar. Na categoria sub 15, a M10 ficou na 8ª posição e na categoria sub 13, levou o título de campeão, vencendo a partida final contra a equipe do JV Liberal de Imperatriz por 2 X 0. Também Gabriel saiu como artilheiro do campeonato com 05 gols e João Pedro, eleito o craque do torneio, além de Rafael como o melhor goleiro do torneio.

Como a Escolinha M10 ocupa o campo de futebol do Instituto Agrex, que fomenta a sociedade balsense com vários outros cursos para senhoras ávidas por uma nova profissão, um dos preceitos usados para inserir o aluno é a vontade de estudar, depois a educação, o caráter e o respeito, são recheios mínimos e essenciais que o atleta deve ter, para poder participar do M10. “Caso não tenha comportamento e estes itens fundamentais para com seus pais, colegas e a comissão técnica, o atleta não poderá participar do projeto.”. Ressalta Romário.

A reportagem da Folha também observou que muitas mães acompanham os filhos durante os treinamentos e conversou com as mesmas a respeito do projeto. Para elas, uma das coisas mais “chatas” é querer incentivar ou criticar os filhos, quando estes comentem alguma infração dentro do campo, como cair à toa, perder a bola para outro colega ou se machucar – elas sentem as mesmas dores – o que para os instrutores não é permitido. Elas apenas devem observar sem se intrometerem.

A mãe de Kaique confessou que a mudança no filho melhorou 100%, como aperfeiçoou o acondicionamento físico e o comportamento em casa. Outra mãe, que acompanha dois filhos, João Henrique e Mariana – ambos disputam a mesma bola – disse que o que mais gosta da Escolinha “é que todos respeitam seus filhos. Sem desigualdade no convívio. Coisas que o futebol acrescenta, mudança na socialização, com novas amizades.”.

As mães também afirmaram que mesmo que o Instituto Agrex ofereça outros cursos, que combinam, inclusive com o horário dos treinamentos de futebol – o que poderiam estar fazendo em vez de ficarem só olhando os filhos jogarem bola -, elas preferem curtir aquele momento que o futebol lhes proporciona, de ficarem mais próximas dos filhos, já que as ocupações do dia a dia não deixa este espaço. Muitas mães trabalham ou se empenham nos afazeres domésticos e esquecem que os filhos precisam de um olhar para suas vidas futuras. Além de tudo, a Escolinha M10 também dá esta oportunidade de encontros comunais entre filhos e pais.

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