O processo de modernização da agricultura brasileira, marcado pelo forte aprofundamento da dinâmica capitalista, comprova que a agricultura é um ramo especializado da produção incorporada na divisão social do trabalho e que agrega novas características territoriais e sociais, tanto a montante quanto a jusante das atividades, ou seja, do pré à pós-porteira das fazendas. Diante desse processo, surgiram novas áreas agrícolas, que foram incorporadas à produção e ao consumo agropecuário, dinamizando esses novos espaços agrícolas produtivos que servem para a inserção das atividades das cadeias produtivas.

A importância que a cadeia produtiva da soja assumiu no cenário agrícola brasileiro ultrapassou os limites das porteiras das fazendas para influir nas discussões sobre pesquisa tecnológica, novas relações territoriais e sociais, competitividade, infraestrutura, etc. Santos e Silveira (2012) já haviam assinalado que a cultura da soja é responsável por inúmeras metamorfoses e especializações produtivas do espaço agrário brasileiro. É, pois, nesse contexto, que se insere, desde o início da década de 1970, o cerrado brasileiro e, na década de 1980, a região do Matopiba e a planície amazônica .

Polo em Balsas
Desse modo, no sul do Maranhão, os resultados da cadeia produtiva da soja são expressivos. Na safra de 2013/2014, a produção de grãos de soja atingiu 1,6 milhão de toneladas, a área plantada alcançou 580 mil hectares, e a produtividade média foi de 2.752 kg/ha (CONAB, 2015). Entre 2000-2014, o crescimento da produção foi de 430% e a da área plantada foi de 360% (CONAB, 2015). Somente no município de Balsas, polo regional, a produção da soja cresceu de 152 mil toneladas, em 2000, para 457 mil toneladas, em 2014 (IBGE, 2015), o que coloca Balsas como terceiro maior município produtor degrãos de soja da região do Matopiba, perdendo apenas para Formosa do Rio Preto (BA) e São Desidério (BA), com quantidade produzida de soja em 2014, respectivamente, de 959 mil e de 720 mil toneladas (IBGE, 2015).

Utilizou-se a categoria de divisão social do trabalho com base na visão de Rangel (2005). Esse autor assinala que, em economias não plenamente desenvolvidas e, principalmente, em forte processo de agroindustrialização, não se pode compreender o desenvolvimento pelo simples fato de haver o aumento de insumos e máquinas, e pelos modernos sistemas de produção, mas também pelo fato de a mão de obra (rural) não só trabalhar na produção de bens agrícolas e, além disso, produzir e consumir. Quando essas atividades saem do setor agrícola, consequentemente mudam as condições tecnológicas e, assim, desenvolve-se a economia. Esse descolamento de mão de obra para outras atividades chama-se aumento da divisão do trabalho.

Nesse sentido, na agricultura de escala moderna, as estruturas e estratégias de produção e circulação são, entre outras, pesquisa e desenvolvimento tecnológico (biotecnologia, práticas de manejo, conservação e fertilização de solos, etc.); redução de custos produtivos (mão de obra, maquinário, terceirizações via serviços de especializados); aumento da competitividade por meio de extrema concorrência, profissionalização na gestão e administração, que também são determinantes para o entendimento da sua expansão. Ademais, essas estruturas e estratégias mudam de acordo com a temporalidade e a espacialidade onde se desenvolvem em termos combinados e complexos, uma agregação de atraso e dinamismo, ou seja, na luz de múltiplas determinações.

Partindo dessa escolha analítica, metodologicamente, para a elaboração do texto,optou-se pelo método exploratório-analítico. A abordagem exploratória adota a busca de informações a respeito de certo assunto. As pesquisas exploratórias envolvem levantamento bibliográfico, documental, entrevistas, pesquisas de campo e estudos de caso.

SindiBalsas
Operacionalmente, o texto foi desenvolvido com base em parâmetros bibliográficos e documentais, fundamentado em fontes primárias, secundárias e pesquisas de campo de modo contextualizado. Quanto às fontes primárias, recorreu-se a informações e dados dos relatórios da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), ao banco de dados dos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e aos relatórios do Sindicato dos Produtores Rurais de Balsas (SindiBalsas). Dentre as fontes secundárias, destacam-se artigos em periódicos indexados, teses, dissertações, livros, sítios de entidades empresariais e governamentais na internet. As pesquisas de campo foram realizadas na cidade de Balsas, em outubro de 2014.

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